De Braços Abertos e sorriso sadio

Em cinco meses, CAPS do Complexo Prates e da Sé realizaram 987 atendimentos odontológicos a participante do Programa


Matos passa por tratamento dentário com a dentista Georgia no SAE Campos Elíseos 

 

Por Keyla Santos

O Programa De Braços Abertos, da Prefeitura de São Paulo, completou cinco meses com resultados animadores. O projeto, que oferece renda, emprego e moradia visa proporcionar dignidade aos dependentes de crack e moradores de rua, vai além de resgatar a autoestima dessas pessoas. Nestes cinco meses, as equipes de saúde bucal realizaram 125 tratamentos e outros 135 em ações coletivas.

As 12 unidades e serviços de saúde da região, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) do Complexo Prates e o da Sé, fizeram juntos 987 atendimentos desde o início do programa. Outras 634 pessoas foram encaminhadas ao Consultório de Rua.

De acordo com a dentista do Serviço de Assistência Especializada (SAE) Campos Elíseos Georgia Carvalho, os participantes do programa apresentam preocupação em relação à saúde bucal, não apenas pela questão da vaidade mas pelo simples fato de poderem voltar a sorrir.

No SAE Campos Elíseos foram realizados 138 atendimentos no período de 5 de maio a 20 de junho, sendo 41 urgências, 39 pacientes em tratamento inicial (primeira consulta) e 58 retornos. Os tratamentos concluídos totalizam 12.

Tratamentos

Georgia explica que os atendimentos mais comuns são os de extração de dentes. “Eles têm bastante dor, os dentes já estão careados há muito tempo. Por isso, a maioria dos casos é de extração”. Quando há necessidade de fazer próteses, os participantes do Programa De Braços Abertos são encaminhados para os Centros de Especialidades.

Os problemas bucais desenvolvidos pelos participantes do programa ocorrem devido ao tempo em que os dependentes do crack ficam sem cuidar da higiene, por causa do uso da droga. “Por eles ficarem muito tempo usando, não têm uma higiene muito boa. Isso acaba acarretando o acúmulo de placa bacteriana, aparecimento de cárie e futuramente a perda do dente”, explicou a dentista.

Já é possível observar maior adesão ao tratamento. “No começo foi mais complicado. Agora, eles estão vindo e os que vêm estão levando o tratamento a sério, procuram não faltar. Alguns pacientes faltam na primeira consulta, mas depois acabam procurando o serviço novamente. Cada consulta demora uma hora, por isso, tento fazer o maior número de procedimentos. Tento concluir o tratamento mais rápido”, contou Georgia.


Matos está confiante e espera voltar a sorrir: 'meus dentes vão ficar mais bonitos' 
 

‘Espero ficar mais bonito para voltar a sorrir para minha mulher e para Deus’

Para o paciente Donizete Garcia de Matos, de 28 anos, que atua na varrição de rua há aproximadamente quatro meses e esteve no SAE Campos Elíseos para uma restauração de urgência, o programa é uma possibilidade para voltar a sorrir. Segundo Matos, seus dentes estão feios, repletos de manchas, mas está confiante no tratamento realizado pela dentista e espera sorrir sem ter vergonha.

“O atendimento é muito bom. Espero ficar mais bonito para voltar a sorrir para minha mulher e para Deus”, disse. Matos acrescentou que agora vai ser um pouco mais difícil ficar sem cárie, pois está tentando reduzir o uso das drogas e, para suprir essa necessidade, está comendo muito doce.

“Meus dentes vão ficar mais bonitos no dia 19 de julho, quando volto para finalizar o tratamento e para fazer a limpeza. Vocês têm que tirar minha foto depois dessa data, para eu mostrar o antes e o depois”, brincou o paciente.

 

 

 Fotos: Edson Hatakeyama