O Menino da Rua dos Ingleses

Ricardo Fonseca/SECOMNo início da década de 1930, um grupo de profissionais sob o comando do médico Prof. Dr. Bernardes de Oliveira, forma uma sociedade civil com o intuito de construírem um hospital com características e objetivos bem definidos: localização central, arquitetura moderna, ser um centro de excelência técnica, formador de especialistas e que se dedicasse ao desenvolvimento de pesquisas na área médica.

Após a captação de recursos para o financiamento da obra, em 13 de fevereiro de 1932, é lançada a pedra fundamental daquele que viria a ser o Sanatório Esperança S.A

A obra, concebida dentro dos mais modernos padrões técnicos e arquitetônicos para a época, embeleza a cidade e passa a ser um marco referencial, uma vez que no alto do edifício, uma luz verde esmeralda, simbolizando a “união de toda a Comunidade Médica de São Paulo”, podia ser vista de muito longe. Localizado num dos pontos mais altos da cidade, no Morro dos Ingleses, o novo Hospital, inaugurado em 06 de novembro de 1938, logo é reconhecido como um hospital Geral de excelente padrão.

Fizeram parte do corpo clínico do Hospital nomes eminentes como: Raul Briquet (Obstetrícia), Jaques Tupinambá (Oftalmologia), Cantídio Moura Campos (Clínica Médica), Antonio Carlos Pacheco e Silva (Neurologia), Benedito Montenegro (Cirurgia), entres outros de igual importância.

Na década de 1940, o Hospital passa a enfrentar dificuldades econômicas crescentes, culminando com a dissolução da sociedade civil estabelecida e obrigando, em 1950, o Dr. Bernardes de Oliveira, a oferecer o Hospital a Lineu Prestes, Prefeito da Cidade, na época.

No final da década de 1950, o processo de municipalização foi concluído, e definido que o Hospital deveria atender crianças, na faixa etária de 0 a 12 anos.
Em 1956 o Hospital foi denominado “Hospital Infantil Esperança”. Em 1960 ocorreu a mudança do nome para “Hospital Infantil Menino Jesus”, durante a administração do Prefeito Adhemar de Barros, e só em 1962 é que ocorre a lavratura da escritura pública transferindo, oficial e definitivamente, para a Prefeitura do Município de São Paulo, o imóvel e seus pertences.

Em 1979, iniciaram-se as primeiras obras de reforma do prédio. Apenas 10% do atendimento continuou a ser feito no prédio e a grande maioria dos funcionários foi distribuída, temporariamente, em outras unidades da rede municipal. Em 1982, o Hospital foi reinaugurado com um grande almoço de confraternização, voltando a atuar de forma plena.

De 1982 a 1996 continuou a exercer a sua vocação: atender a população infantil de toda a cidade, com qualidade, resolutividade e empatia, e mantendo o seu alto padrão de excelência, graças, a uma plêiade de profissionais gabaritados, muitos deles ligados ao ensino em escolas de medicina, o que permitiu ao Hospital ganhar fama e respeito, tanto no meio médico e acadêmico, quanto junto à população. O ensino tem sido um dos pilares do trabalho do Hospital ao longo da sua existência.

Em 1996 foi implantado o Plano de Atendimento à Saúde – PAS como forma de gestão através de cooperativas. Como esta proposta diferia da vocação e da filosofia de grande parte dos que aqui trabalhavam, a maioria dos profissionais deixou o Hospital.

Em 2001, com a volta da gestão direta pela municipalidade, muitos dos antigos funcionários voltaram ao Hospital e um novo contingente de profissionais completou o quadro funcional, todos com o compromisso de cumprir os objetivos e valores do Hospital.

Em 04 de janeiro de 2002, foram criadas cinco Autarquias Hospitalares Municipais Regionais, agrupando por regiões os serviços de urgência e emergência da Cidade de São Paulo, dentro de uma nova estrutura administrativa, capaz de atender com mais agilidade alguns aspectos importantes do Chefiamento, como compras, contratação de serviços, reposição de recursos humanos. O Hospital ficou inserido na Autarquia Hospitalar Municipal Regional Central.

O gabarito técnico-científico dos seus profissionais tem sido outro fator decisivo para o bom trabalho aqui desenvolvido, bem como, para o reconhecimento da qualidade na área do ensino.

 

O prédio da Rua dos Ingleses 258

Tombado pelo Patrimônio Histórico da Prefeitura, faz parte da História desta Cidade e resgata no tempo os significados e os símbolos que a vivência deste Hospital permitiu conquistar.

O tempo acarreta conseqüências inexoráveis. O desgaste físico-estrutural é notório e é um dos entraves ao melhor funcionamento das atividades no Hospital e ao seu crescimento.

O corpo ficou velho, porém o espírito de busca pela excelência e a dedicação às crianças continua jovem e com vigor.

Continuam crescendo as demandas do atendimento pediátrico para uma população cada vez mais numerosa e carente.

Por isso, continua clara a importância deste Hospital no contexto da Saúde do Município, para atender aos grandes desafios que precisam ser vencidos.