EMS e SMS-SP oferecem capacitação para profissionais que atuam no acolhimento a pessoa tabagista

No Dia Mundial sem Tabaco, destaque para capacitação profissional para acolhimento e tratamento da pessoa tabagista

Por: Marcella Jeane Duarte

No município de São Paulo, o tabagista que deseja parar de fumar conta com 257 unidades de saúde aptas para realizar o acolhimento e tratamento para a cessação do tabagismo. O atendimento segue o protocolo do Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT), que traz como uma de suas diretrizes a formação profissional e educação permanente dos profissionais de saúde para prevenção do tabagismo, identificação e tratamento do tabagista e qualificação do cuidado.

Na data em que se comemora o Dia Mundial sem Tabaco, 31 de maio, criado no ano de 1987 pela Organização Mundial da Saúde como um alerta para os malefícios causados pelo tabaco, fator de risco para diversas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), principalmente doenças cardiovasculares, respiratórias crônicas e câncer, a farmacêutica Débora Crescente, Coordenadora Municipal do Programa de Controle do Tabagismo, recebeu a equipe de comunicação da Escola Municipal de Saúde (EMS) para falar sobre a abordagem dos profissionais da rede à pessoa tabagista e sobre a “Capacitação para a Cessação do Tabagismo e Implantação do Programa na Rede de Atenção à Saúde do SUS”.

Reunião de planejamento da capacitação

Oferecida pela Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMS-SP), por meio da Coordenação da Atenção Primária à Saúde e EMS, a capacitação teve início em 2016, mas começou a ser pensada já em 2015: “Até então, quem realizava as capacitações dos nossos profissionais era, via de regra, a Coordenação Estadual (do PNCT), que oferecia capacitações presenciais (dois dias de capacitação, total de 16 horas), onde o profissional recebia o conteúdo teórico que o programa prevê”, destaca Débora. Mas por serem abertas a todo o Estado, as capacitações acabavam não atendendo a demanda de vagas do município.

Com o crescimento do PNCT, houve também aumento no número de profissionais que necessitavam ser capacitados. Convênios com instituições também eram outra forma de garantir capacitações para esses profissionais. O HCor, por exemplo, capacitou mil profissionais durante os anos de 2012 e 2014: “Só que esse convênio terminou”, lembra Débora.

Inicialmente, o acolhimento ao tabagista era realizado pela Atenção Especializada, o que mudou em 2013, por meio da Portaria 571, que prioriza que o atendimento ao tabagista seja feito pela Atenção Primária. “Então deixamos de ter o atendimento só na Atenção Especializada, passando para a Atenção Primária e ampliamos o acesso ao atendimento”, ressalta.

Com a maior demanda de profissionais para serem capacitados, em 2015 foi criado um grupo reunindo representantes da EMS, da coordenação da Atenção Primária, dos interlocutores das Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS) e das EMS Regionalizadas, com a missão de pensar em uma capacitação que atendesse as demandas de vagas para os profissionais da rede e que enfatizasse a questão prática do acolhimento e tratamento, uma necessidade vinda dos próprios profissionais.

Também houve uma preocupação para que os alunos pudessem organizar os horários de aula: o curso é desenvolvido utilizando a plataforma MOODLE, disponibilizando material didático no Ambiente Virtual de Aprendizagem. “Pensamos no EAD, porque aí disponibilizamos uma quantidade de vagas maior, além da facilidade de o profissional fazer num horário que ele pode”, pontua.

Tomando como base as capacitações que eram oferecidas até então, o grupo pensou em melhorias. “Um dos pontos que procuramos oferecer de uma melhor maneira nesta capacitação: avaliamos tudo que os profissionais falavam dos cursos anteriores e muitos gostavam do conteúdo teórico, mas sentiam-se inseguros na questão prática”, aponta Débora.

Turma da Leste 1, durante encontro presencial da capacitação

Dessa forma, além do ensino a distância, a capacitação oferece encontros presenciais. “Existem encontros presenciais onde procuramos focar a parte prática, trazendo profissionais que já fazem o programa nas suas unidades para passar toda a expertise deles, para trocar dicas com esses profissionais que estão fazendo o curso”, salienta.

O papel da EMS

Fátima Lico, psicóloga da Divisão de Educação da EMS, é quem coordena a capacitação, e destaca a importância da participação da Escola desde o início da concepção desta capacitação, pensando desde a metodologia e também oferecendo treinamento aos tutores regionais que acompanham as turmas, motivando e incentivando os alunos.

Ao final da capacitação, os profissionais estão aptos para a implantação do PNCT nas regiões que ainda não possuem o programa e para monitorar as que já possuem. “As avaliações tem sido positivas: há pouca desistência, considerando que se trata de uma capacitação a distância. Nas reuniões e conversas, as regiões avaliam que o curso tem tido resultados bastantes positivos”, ressalta Fátima.

Décio Trotta Junior, do Setor de Educação a Distância da EMS, foi o responsável pelo treinamento dos tutores: “No caso desta capacitação, a Débora indicou quem seriam os tutores. Cada região tem um grupo de alunos com um tutor que dá suporte no ambiente virtual em relação às dúvidas de conteúdo. Esses tutores dão feedbacks em relação ao tema”, lembra.

Os alunos têm acesso ao material pedagógico (apostila, apresentação em Power Point, etc.) e as videoaulas, que geralmente são gravadas no estúdio do Canal Profissional. “Depois que a gente disponibiliza o material é aberto um fórum para esclarecer dúvidas. Por fim, o aluno já leu, já assistiu a videoaula, já se apropriou do conteúdo, já diminuiu as dúvidas com o tutor, aí ele responde um questionário”, esclarece.

Para Décio, a grande vantagem da educação a distância é “conseguir abranger um maior número de pessoas sem a necessidade de grande deslocamento”.

A primeira turma da “Capacitação para a Cessação do Tabagismo e Implantação do Programa na Rede de Atenção à Saúde do SUS”, realizada entre fevereiro e junho de 2016 capacitou 171 profissionais, a segunda, realizada entre setembro e dezembro do mesmo ano, terminou com 99 profissionais formados. Atualmente, a capacitação está em sua terceira turma com 215 inscritos.

Sobre o tratamento

O tratamento oferecido à pessoa tabagista realizado nos serviços de saúde inclui desde a avaliação clínica, passando por uma abordagem mínima ou intensiva e, caso necessário, terapia medicamentosa. A base do tratamento é a abordagem cognitivo-comportamental, que consiste em sessões em grupo ou individuais, coordenados por profissionais de saúde de nível superior.

Este modelo de intervenção é centrado na mudança de comportamentos, levando os indivíduos a lidarem com uma determinada situação. Os temas abordados durante as sessões levam os participantes ao entendimento do por que se fuma e como isso afeta a saúde, os primeiros dias sem fumar, como vencer os obstáculos que dificultam a pessoa a continuar não fumando, benefícios obtidos após parar de fumar e prevenção de recaídas.