Deu na Imprensa - Começa a Expo Xangai

Diário do Comércio - 02/05/2010

A Expo Xangai 2010 está agora aberta. Essa foi a declaração do presidente chinês Hu Jintao, depois do hino nacional do país ter tocado no centro cultural da exposição e de as bandeiras das 189 nações participantes terem desfilado pelo pavilhão. O megaevento terá duração de seis meses e deve receber 70 milhões de visitantes, entre 1º de maio a 31 de outubro de 2010, e terá orçamento de US$ 4 bilhões.

Detalhe da cerimônia de abertura da exposição concebida para ser grandiosaA abertura recebeu a presença de líderes de estado e personalidades do mundo artístico. No mesmo palco, o tenor italiano Andrea Bocelli, o pianista chinês Lang Lang, o coro de gospel do Soweto e o ator de cinema Jackie Chan. A cerimônia aconteceu na minivila construída especialmente para abrigar a feira, às margens do rio Huangpu.

Quando foi anunciada sede da World Expo 2010, Xangai prometeu fazer o evento mais grandioso da série de exposições universais, que começou em Londres, em 1951, e desde então acontece a cada cinco anos. As exposições universais são consideradas o terceiro maior evento propulsor de negócios e desenvolvimento, depois da Olimpíada e da Copa do Mundo. A Torre Eiffel, em Paris, é fruto do evento que aconteceu na capital francesa, em 1889.

Depois de décadas de hibernação, com a fundação da República Popular da China, em 1949, Xangai retoma suas raízes de centro global de comércio e cultura e seu estilo de sempre fazer coisas grandes. A cidade de 19 milhões de habitantes é uma das maiores do planeta, abriga 750 multinacionais e cerca de 30 arranha-céus, com 200 metros de altura. Com essa mania de grandeza, a minivila construída para abrigar a World Expo tem 5,5 quilômetros quadrados de terreno, ou 3,5 vezes o Parque do Ibirapuera.

Os mais de 70 milhões de turistas que devem visitar a World Expo, nos próximos seis meses, vão desfrutar dos resultados dos investimentos de US$ 40 bilhões em Xangai. Novos terminais aéreos, anéis rodoviários e mais de 300 quilômetros de novas linhas de metrô, além de um distrito inteiramente novo às margens do rio Huangpu.

O governo de Pequim já consentiu oficialmente que Xangai leve adiante suas maiores ambições: ser um centro financeiro e um eixo internacional de logística até o fim da década. Como na Expo, os líderes xangaineses estão concentrados em um futuro melhor.

Touro – O mais novo símbolo da cidade foi revelado no sábado, durante a inauguração da World Expo. É um touro de bronze gigantesco, criado por Arturo Di Modica, o mesmo artista ítalo-americano que deu à Wall Street seu mais famoso mascote. O touro xangainês pesa quase o dobro do irmão novaiorquino. Além da diferença de tamanho, o touro chinês parece mais jovem, com mais energia e vai simbolizar a nova força da economia local. O "Touro do Bund" fica em uma nova praça de uma centenária avenida, com uma área de 7.000 metros quadrados.

Arte xangainesa para EUA ver

Enquanto a cidade de Xangai começa a receber visitantes do mundo inteiro, o Museu de Arte Asiática de San Francisco abre uma grande exposição chamada Shanghai. Nos últimos 150 anos, a atual capital financeira da China passou por transformações ecléticas. Dos primeiros dias da influência ocidental, à Revolução Cultural até os dias de socialismo de mercado. Neste ano, a cidade celebra o quão longe conseguiu chegar ao ser escolhida como sede da World Expo.

Reproduções da Coleção do Museu Histórico de Xangai

Obras retratam as mudanças que a atual capital financeira da China passou nos últimos 150 anos.E a exposição passa por todas essas fases xangainesas. Há pinturas de mulheres do século 19, quando elas eram retratadas apenas em pequenos desenhos, tendência que começou a mudar. No período dourado de Xangai – entre 1912 e 1949 –, chinesas mais modernas eram desenhadas com qipaos (vestimentas tradicionais) em poses urbanísticas: a economia estava crescendo, a liberdade de expressão florescia com estúdios de arte espalhados em todos os lugares.

Com a Revolução Comunista, em 1949, os temas voltaram-se para as classes mais baixas. O momento foi seguido pela Revolução Cultural de Mao Tsé-Tung, quando todos os estúdios privados foram fechados e substituídos por casas de publicidade do governo. Lá, velhos artistas eram "reformados" e os novos criadores eram treinados para desenvolver propaganda e anúncios para o governo. Era o modo mais eficiente de vender uma ideia à população. Artistas de oposição eram perseguidos e humilhados publicamente.

Desde os anos 1990, a expressão artística ressuscitou. Hoje, o ponto de encontro dos admiradores da arte contemporânea de Xangai fica na Taikanglu. As ruelas labirínticas estão sempre cheias de chineses e estrangeiros, que visitam as galerias locais. Eles redesenham a China em gravuras estilizadas da Praça da Paz Celestial e estampam a figura de Mao como um ícone fashion.

São Paulo mostra Cidade Limpa

No primeiro ano em que cidades puderam se candidatar para participar de uma World Expo, São Paulo foi a quarta escolhida. Nas edições anteriores, era permitida apenas a participação de países. O secretário municipal e vice-presidente da ACSP, Alfredo Cotait NetoOs participantes dessa edição do evento, que em 2010 ocorre em Xangai, vão propor experiências inovadoras em habitação, trânsito, meio ambiente, novas energias e espaço público de todo o mundo, de acordo com o tema "Cidade Melhor, Vida Melhor".

Candidata com o projeto Cidade Limpa, a capital paulista foi selecionada entre 188 inscritas e 55 selecionadas, atrás apenas de Brisbane (Austrália), Seul (Coreia do Sul) e Hong Kong (China).
 

"São Paulo é uma cidade dinâmica e global, que exerce forte impacto em toda a América do Sul, mas ainda não é reconhecida internacionalmente", afirmou o secretário municipal de Relações Internacionais e vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Alfredo Cotait Neto. "Ter sido escolhida para um evento internacional, que se prolongará por seis meses, no país que é a bola da vez quando o assunto é o crescimento econômico, é a melhor vitrine para a capital paulista nesse momento."
 

De acordo com ele, a World Expo também será um ambiente de troca de experiência de melhores práticas públicas entre os países e cidades participantes do evento. No semestre pelo qual a exposição se estende, São Paulo deve propor uma temática diferente para cada mês, como gastronomia, turismo e negócios. "Vamos marcar presença na inauguração da exposição e também em 4 de junho, considerado o Dia de São Paulo no evento", afirmou Cotait. A ACSP também organiza uma missão comercial de empresários para a data, entre 31 de maio e 7 de junho.

Fonte: Diário do Comércio - 02/05/2010 - Sonaira San Pedro