Exposição 'Sinais de Fumaça' integra a programação oficial do Ano da França no Brasil

Mostra está em cartaz no Centro Cultural São Paulo

Está em cartaz no Centro Cultural São Paulo (CCSP) a exposição Sinais de Fumaça, que exibe um recorte da coleção de publicações e edições de artista FMRA, mantida pelo Centre National de l'Estampe et de l'Art Imprimé (CNEAI), incluindo também peças pertencentes à Coleção de Arte da Cidade, ao Arquivo Multimeios e à Biblioteca Volpi, do CCSP. Completam a mostra, obras inéditas dos artistas Ana Luiza Dias Batista, Arnaud Maguet, Cadu, Carlos Issa, Rodrigo Matheus, Stéphane Magnin e da dupla A constructed world. A curadoria é assinada por Fernanda Albuquerque, curadora de artes visuais do CCSP, Sylvie Boulanger, curadora do CNEAI, e Carla Zaccagnini, artista e curadora independente.

Sinais de Fumaça integra a programação oficial do Ano da França no Brasil. A comunicação por sinais de fumaça baseia-se na decodificação de signos visuais. Se por um lado ela possibilita a difusão de mensagens a longas distâncias, por outro sua leitura depende de um olhar atento e do reconhecimento dos códigos usados, bem como de condições climáticas favoráveis.

Esta exposição toma emprestado o termo para fazer referência a estratégias de disseminação da arte, que vão além da exibição de obras em museus e galerias, valendo-se de suportes e mídias que propiciam uma propagação alastrada do pensamento e prática artísticos, capaz de atingir destinatários distantes e incalculáveis. Por sua existência múltipla e descentralizada, as publicações de artista (livros, jornais, revistas, panfletos, cartazes, postais, folhetos e outros impressos) e as edições ilimitadas (CDs, DVDs, LPs, camisetas, adesivos, cartões telefônicos, tecido ou papel estampado, etc. são meios privilegiados para essa forma de veiculação.

A exibição, em um espaço museológico, de trabalhos que questionam a circulação restrita a esse contexto não é um movimento simples (nem um dilema novo). Por isso, estratégias de circulação e disseminação características dessa produção artística foram tomadas como assuntos ou campos de interesse que definem os quatro pontos de partida da exposição: deslocamento, movimento, propagação; troca, intercâmbio, correspondência; multiplicação, repetição, reprodução; e relação texto-imagem, decodificação, tradução.

As demandas de conservação de peças pertencentes a coleções públicas exigem uma exibição protegida, distante do tipo de aproximação que a natureza desses trabalhos pediria. Estáticas por detrás dos vidros, as obras se oferecem recortadas e associadas umas às outras como em uma colagem, criando um discurso a partir da soma de detalhes. Em contraposição, algumas publicações são disponibilizadas não apenas para manuseio, mas também para cópia, o que reafirma o seu caráter reprodutível e a possibilidade de esses trabalhos circularem por outros espaços e situações.

Sinais de Fumaça inclui, por fim, a participação de oito artistas que desenvolveram obras inéditas em diálogo com o foco da mostra. Stéphane Magnin, Arnaud Maguet e a dupla A constructed world (dupla formada pelos artistas Jacqueline Riva e Geoff Lowe) criaram espaços de leitura, escuta e consulta para esses materiais, propondo situações e recortes que provocam diferentes relações com as obras expostas. Já Ana Luiza Dias Batista, Cadu, Carlos Issa e Rodrigo Matheus foram convidados a pensar em trabalhos que tomam a linguagem impressa, a idéia de reprodutibilidade e a possibilidade de circulação como estratégias de ampliação da sua presença, do seu potencial de comunicação ou do seu sentido.


Coleção FMRA

Pronunciadas em francês, as letras FMRA reproduzem a sonoridade da palavra ephemeras, expressão usada para designar trabalhos gratuitos ou de baixo custo que têm o estatuto de obra de arte, mas não se parecem com uma obra. Ou pelo menos não atendem às expectativas usuais em relação à idéia de arte. A falsa sigla dá nome à coleção abrigada pelo CNEAI (Chatou, França), que possui cerca de 9 mil peças, entre livros, jornais, revistas, folhetos, CDs, LPs, DVDs, cartazes, adesivos, postais, etc. Esse acervo reúne obras desde os anos 1960, quando a arte em suportes impressos surgiu como uma forma de emancipação das fronteiras econômicas e políticas. Os trabalhos com essas características trazem em si um potencial de reprodução e disseminação que possibilita a ampliação dos espaços e estratégias de circulação da arte. Paradoxalmente, quanto mais uma edição é aberta, ilimitada, gratuita, mais parece ser difícil encontrá-la, já que se insere em circuitos de difusão que não estão balizados pelas idéias de conservação próprias do circuito artístico institucional. A FMRA dedica-se a reunir e conservar essas peças.

Mostra Sinais de Fumaça
Data: De 29 de agosto a 8 de novembro de 2009
Horários:
De terça a sexta-feira, das 10h às 20h;
Sábado, domingo e feriado, das 10h às 18h
Local: Centro Cultural São Paulo - Rua Vergueiro, 1.000, Paraíso
Entrada gratuita

Informações: Acesse o site: Centro Cultural São Paulo