São Miguel realiza caminhada pela Luta Antimanicomial

Iniciativa se caracteriza pela oposição à ideia de isolamento social de pessoas com sofrimento mental como forma de tratamento

O argumento de que pessoas portadoras de doenças mentais devam ser isoladas da sociedade é usado constantemente por muitos indivíduos. Porém, as consequências deste afastamento sempre piora a situação, visto que o convívio interpessoal, sobretudo com familiares e amigos, é imprescindível para um tratamento bem sucedido.

Seja por preconceito ou pela fuga da responsabilidade, muitos pacientes são internados em manicômios ou hospícios, muitas vezes recebendo maus tratos por parte dos funcionários do local. O “tratamento” que seria para melhorar, acaba tendo efeito contrário.

Pensando nisso, a subprefeitura São Miguel, com organização da Coordenadoria Regional de Saúde Leste e suas supervisões técnicas de Saúde Cidade Tiradentes, Ermelino Matarazzo, Guaianases, Itaquera, Itaim Paulista, São Mateus e São Miguel, planejaram a Caminhada da Leste pela Luta Antimanicomial. O evento aconteceu nesta sexta-feira (20) e contou com a participação de munícipes, autoridades da Saúde e servidores da subprefeitura.

Segundo a Coordenadoria Regional de Saúde Leste, “o Movimento da Luta Antimanicomial faz lembrar que, como todo cidadão, estas pessoas [portadoras de doenças mentais] têm o direito fundamental à liberdade e a viver em sociedade, além do direito a receber cuidado e tratamento sem que para isto tenham que abrir mão de seu lugar de cidadãos”.

Em 2001, em decorrência das reivindicações do Movimento, foi sancionada a Lei 10.216/2001, que determina o fechamento progressivo dos hospitais psiquiátricos e a instalação de serviços substitutivos. As unidades do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), as Residências Terapêuticas, os Programas de Redução de Danos, os Centros de Convivência e as Oficinas de Geração de Renda são alguns dos exemplos de serviços substitutivos implantados no Brasil desde então, haja as varias barracas montadas na Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra ua amostra de que as pessoas que utilizam os serviços do CAPS tem muita habilidades para o trabalho artesanal.

Vale lembrar que em março deste ano foi inaugurado o CAPS Infantojuvenil III, na Vila Jacuí, localizado na Rua Arlindo Miragaia, nº 40. São Miguel tem mais duas unidades de CAPS: o CAPS São Miguel (Rua Taiuvinha, nº 200) e o CAPS II Adulto (Rua Otávio de Rosa, nº 37).

Na caminhada, estavam presentes o subprefeito de São Miguel, o secretário municipal de saúde, Alexandre Padilha, a supervisora de Saúde de São Miguel, Eliete Fávaro, a coordenadora regional de Saúde, Cláudia Maria Afonso de Castro e atuantes na área da saúde mental da região. O percurso começou pela manhã na Praça Fortunato da Silveira (Morumbizinho), e terminou na Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra (do Forró).

“Aprendi muito nesse encontro hoje. Aprendi que não adianta prender, mas, sim, tratar”, afirmou o subprefeito de São Miguel enfatizando que o cuidado e convívio são fundamentais e que a “prisão” não é boa para o portador.