10º Café Filosófico da ProBrasil teve como tema Ancestralidade e Educação

Debate com especialistas teve como foco as religiões afro-brasileiras

A Associação ProBrasil promoveu nesta quarta-feira, 8, a 10ª edição do Café Filosófico, que debateu Ancestralidade e Educação. A associação aproveitou a Década Internacional de Afrodescendentes, instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), e o fato de mais de 50% da população da região de Parelheiros serem afrodescendente para direcionar o foco do debate para as religiões afro-brasileiras.

O evento foi iniciado com fala do presidente da ProBrasil, Uwe Felipe Weibrecht, e seguiu com apresentações do grupo de percussão e capoeira da associação e poesia cantada pela poetisa Cinthya, conhecida como Kimani.

A roda de conversa começou com a pesquisadora e doutoranda em educação no programa de pós-graduação da Universidade do Piauí, Lhosana Céres de Miranda Tavares, que contou sobre seu trabalho de pesquisa que deu vida à mostra Xirê dos Orixás. A exposição conta com 20 bonecas, sendo 16 trajadas como os orixás cultuados no Brasil e 4 com trajes de sacerdote, baiana e roupa de ração feminina e masculina.

Lhosana explicou que a ideia da mostra surgiu depois de descobrir que dois de seus alunos eram integrantes de um dos terreiros por ela estudados, mas que eles não expunham abertamente seus credos por causa do preconceito. A pesquisa durou dois anos e foi exposta ao público pela primeira vez na Câmara dos Vereadores de Teresina.

Dando continuidade à conversa, o professor William Figueiredo, coordenador de projetos culturais da unidade escolar CEU Parelheiros, falou sobre a dificuldade de acessar símbolos próprios de uma comunidade, já que isso está envolvido num conjunto complexo de informações que, se você não está inserido nesse meio, não consegue compreender. “A ancestralidade é muito rica porque nos mostra justamente como esse sujeito, construtor de sentidos, pode construir conhecimento. Na medida em que construímos nossas narrativas, construímos nosso saber”, afirma o professor William Figueiredo.

Em seguida, foi a vez do professor e doutor do programa de estudos de pós-graduação em direito pela PUC, Willis Santiago Guerra Filho, que abordou a importância de uma educação nutrida por uma cultura que pensa no passado, presente e futuro, “precisamos reconhecer nossa responsabilidade com o passado e futuro, sendo nós os ancestrais do futuro”, declarou Willis Santiago. O professor também indicou a leitura do livro de Ordep Serra, Os olhos negros do Brasil, que apresenta laudos e ensaios sobre a questão racial no Brasil e a importância da preservação de templos de matriz africana.

O debate teve participação do público, que trouxe questões de preconceito e violência religiosa. De acordo com William Figueiredo, que também atua no Observatório da Violência Religiosa da Universidade Metodista, “um problema que temos é que as pessoas não falam com clareza. Elas não estudam [sua religião] e costumam reproduzir o que ouvem, mas não têm clareza de onde falam. Não refletem”.

O debate encerrou-se pela manhã e o grupo reuniu-se novamente pela noite para a abertura da exposição Xirê dos Orixás, de Lhosana Céres de Miranda Tavares, no CEU Parelheiros. O encerramento ocorreu por volta das 21h com agradecimentos feitos pelo presidente da ProBrasil, Uwe Felipe Weibrecht, a todos os participantes e envolvidos na organização do evento.

Texto por: Amélia Rodrigues

 

ProBrasil

A Associação ProBrasil é uma organização sem fins lucrativos, que iniciou seus trabalhos em novembro de 1999, com o objetivo de criar e apoiar programas fundamentais para o desenvolvimento humano e social das famílias.
Desde 2000, implementa diversos projetos sociais na região de Parelheiros, atendendo a população que vive em condições de alta vulnerabilidade social, oferecendo aos moradores dessa comunidade atividades socioeducativas e culturais.

Sua principal missão é promover a inclusão social e a cidadania solidária através de educação, capacitação profissional, promoção de saúde e programas de geração de renda, gerando o bem estar das comunidades carentes, bem como apoiar suas lutas pela sobrevivência na busca de uma vida melhor e mais digna, para alcançar sua independência.

Em São Paulo, a Associação ProBrasil também conta com projetos como: Telecentro (Convênio firmado com a Secretaria Municipal de Comunicação, que permitiu a instalação de computadores com acesso à internet na Associação ProBrasil no Jardim dos Álamos, para uso gratuito pela comunidade local); Projeto Costurando Novas Perspectivas (Projeto de corte e costura aprovado e financiado pela fundação Volkswagen); Oficina de Crochê (tem como principal objetivo capacitar profissionalmente os praticantes da arte do crochê e possibilitar a geração de renda, autonomia e fortalecimento de vínculos familiares); Biblioteca comunitária; Oficina de Massagem Terapêutica; Oficina de Capoeira; Dança Contemporânea; Oficina de Ginástica e Alongamento; Projeto Interagindo com o Saber; Programa Ação Família/ SASF.

Fonte: ProBrasil

 

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