SPObras testa novo pavimento para uso em corredores de ônibus

Nova tecnologia, além de mais barata, é ecológica

Ampliar o horizonte do conhecimento por meio do contínuo aperfeiçoamento técnico. Essa tem sido uma preocupação constante da SPObras, empresa que lida com a transformação do espaço público por meio de intervenções de grande envergadura. No dia 14 de agosto, um pavimento de caráter experimental foi feito na Rua John Harrison, na subprefeitura da Lapa. Usando uma nova tecnologia, a obra também pode ser considerada sustentável, já que aproveita os resíduos da construção civil e do próprio pavimento que é recuperado.

A obra é uma faixa de ônibus, com cerca de 100 m de comprimento, que tem início na rua John Harrison, perto do Mercado da Lapa, onde existe um trânsito intenso de coletivos na faixa da direita. Primeiramente foi realizada uma análise do pavimento, que comprovou a existência de problemas de base e de subleito, bem como da própria estrutura do pavimento.

Com esse quadro, tornou-se necessária fazer uma fresagem (desbastamento com a fresa, máquina com capacidade para cortar superfícies de alta resistência) das camadas betuminosas ; a escavação do subleito numa profundidade de 75 cm. Segundo o projeto, o subleito deveria ser reforçado. Desta forma, foi feita uma primeira camada de reforço, com 20 cm de espessura, utilizando-se para isso os resíduos da construção civil, trazidos da usina da prefeitura que fica junto à ponte da Av. Pompéia.

Essa primeira camada, que foi compactada , recebeu uma nova camada de 20 cm de brita graduada, igualmente compactada, perfazendo uma espessura de 40 cm. Os demais 35 cm foram recompostos com a reciclagem do próprio material fresado anteriormente, misturado com espuma de asfalto. Todo esse material foi espalhado, novamente compactado até sua superfície definitiva.

O uso do novo pavimento pelo trânsito pesado, ao longo de alguns dias, vai deixá-lo inteiramente curado. Na sequência, será feita uma pequena fresa de 3 cm a 4 cm e colocará uma camada final de rolamento com uma capa asfáltica com asfalto polímero. Esse pavimento, além de apresentar vantagens ecológicas, tem ainda um custo menor que outros pavimentos mais tradicionais. A pista é experimental, uma vez que se trata de uma tecnologia ainda recente aqui no Brasil, com pouco uso pela prefeitura de São Paulo.

SPObras irá analisar o comportamento reológico (ramo da física que estuda a viscosidade, a plasticidade, o escoamento da matéria) dessa estrutura de pavimento, e, na medida em que ele apresentar bons resultados frente a um tráfego canalizado de coletivos, esse novo pavimento será indicado para uso nos demais corredores de ônibus da cidade.

O projeto contou com a colaboração de engenheiros e professor da UCD Technology de Durban na Africa do Sul, juntamente com os equipamentos e com a mão de obra da empresa Fremix, que tem contratos com a prefeitura de São Paulo. A SPObras acompanhou todo o desenvolvimento do serviço e convidou também outros órgãos da prefeitura, como a SPTrans e a própria subprefeitura da Lapa, que apoiou todo o procedimento, de tal sorte que mais órgãos da prefeitura possam analisar e avaliar o comportamento dessa inovação tecnológica.

O diretor de Desenvolvimento de Projetos de SPOBras, aposta nessa nova tecnologia. "A literatura demonstra comportamento estrutural interessante, como na África do Sul e na China. Vamos ver como se comporta aqui no Brasil, com nossas condições climáticas e de uso." Segundo Pereira, o material traz inúmeras vantagens pois é competitivo, mais barato e sustentável.