Conheça a presidente do CMPD-SP do biênio 2017-2019

A pedagoga Ana Claudia Domingues conheceu o órgão quando pesquisava sobre representatividade de pessoas com deficiência, e desde 2015, participa ativamente das reuniões do segmento

No dia 2 de setembro, a pedagoga Ana Claudia Domingues foi eleita a nova presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência (CMPD), durante a posse dos novos membros do CMPD.  Conheça um pouco de sua história e propostas para o novo Biênio 2017-2019.

 

A pedagoga Ana Claudia Domingues nova presidente do CMPD

1- Como você conheceu o Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência?
ACD: Fiz um curso de formação cidadã e comecei a pesquisar espaços democráticos que pessoas com deficiência ocupavam. Nesta minha busca, encontrei o CMPD. Logo em seguida, comecei a frequentar as plenárias e reuniões deste movimento e percebi que o lugar e o assunto me pertenciam e representavam. Com minha frequente participação, em 2015, me candidatei, pela primeira vez, para o cargo de conselheira como representante de pessoas com deficiência visual.

2- Como foi ter ganhado a presidência do órgão?
ACD: Foi um processo. Eu iniciei buscando espaços para ter uma atuação mais ampla, e não ficar apenas no muro das lamentações, enquanto pessoa com deficiência. Com a eleição para o colegiado do órgão em 2015 – 2017, consegui ser eleita e pude conhecer mais a estrutura do CMPD, bem como as construções, fiscalização e monitoramento de políticas publicas. Fui me encantado por este universo, e entendi que estava apta a me candidatar para a vaga de presidente. E, consequentemente, deu certo.

3- Quais são suas metas e propostas para o CMPD-SP no próximo Biênio?
ACD: Tenho algumas ações que são primordiais. A primeira é fortalecer nossa parceria com a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência (SMPED). Além disso, buscar parceria com outras entidades, como sindicatos e outras Secretarias Municipais. Tanto para trazer mais visibilidade para o CMPD, como fortalecer esse vínculo e espaço para realizarmos políticas publicas conjuntamente. Além disso, vamos focar na Minuta de Decreto da Lei Brasileira de Inclusão, que precisa ser regulamentada. Trabalhamos com esse assunto na gestão anterior, e queremos dar continuidade para garantir este resultado.
A segunda meta é o Projeto de Lei do Conselho que vamos nos mobilizar para ser aprovado e concretizado.

4- Você dará continuidade aos projetos da gestão anterior?
ACD: Sim, totalmente. Como participei ativamente do processo como conselheira da gestão anterior, sou um elo na entidade. Este ano temos novos representantes no CMPD, além dos antigos e sempre presentes membros e fundadores do órgão. Para o legado desta gestão, quero dar continuidade para os projetos fluírem.

5- Qual o maior problema que você encontra na cidade
ACD: São muitos os problemas. Acho que o maior ainda é acessibilidade. É uma questão delicada e complexa, e um ponto chave que impossibilita as pessoas de buscarem a sua autonomia e uma vida mais ativa e participativa. Seja no âmbito do trabalho, da escolarização, lazer, transporte entre outras situações da vida. Mas o principal são as barreiras atitudinais, que está vinculado com a questão de educação. Por meio de campanhas educativas, vamos aos poucos, mudar a consciência de uma sociedade.

6- Qual é o maior desafio do CMPD

ACD: O CMPD está vinculado totalmente com essas questões da cidade, que dissemos anteriormente. Mas o órgão tem erros estruturais e necessita se empoderar e fortalecer para ter essa visibilidade. Toda a população precisa entender qual é o objetivo do conselho.
Outro grande desafio é buscar a descentralização do CMPD, porque vamos conseguir atingir todos os polos da cidade, e fazer com que todo o processo de atendimento encaminhe.

7- Qual sua idade, profissão e deficiência?
ACD: Eu 46 anos e tenho deficiência visual. Fui diagnosticada por volta dos meus nove anos com Retinose pigmentar, que é degeneração da retina. Minha perda da visão foi progressiva. Há cerca de oito anos, tive a perda total da visão e hoje sou cega com muito orgulho. (risos) Muitas vezes, a questão da deficiência visual foi limitante para mim, seja no âmbito da minha escolarização, que tiveram percalços até mesmo da universidade, como também no trabalho. Viver estas limitações foi o grande motivador para acabar me envolvendo com políticas públicas e entender que eu tinha que ter uma ação maior, pensando na melhoria da qualidade de vida de todos os cidadãos com deficiência.

Sou pedagoga de formação, pós-graduada em educação especial e atuo na área da educação há 16 anos enquanto professora, coordenadora pedagógica e orientadora educacional. Minha grande paixão é a educação, tanto que quando atuava como conselheira, sempre trabalhava com este tema.

8- Qual a mensagem que você quer deixar para as pessoas com deficiência que moram em São Paulo
ACD: Para as pessoas com deficiência buscarem o protagonismo e empoderamento elas por si. Seja em qualquer instância, um conselho, uma Secretaria, entre outros. Só teremos visibilidade se conseguirmos efetivar nossas propostas e ser respeitado como cidadão e como ser humano.

 

Por Mônica Mantecón
E-mail: mmmeira@prefeitura.sp.gov.br