Intérpretes de Libras marcam presença na Virada Cultural

A acessibilidade para surdos e pessoas com deficiência visual foi garantida em shows de stand-up e teatro musical

A Virada Cultural realizada no último fim de semana, 20 e 21 de maio, foi marcada pela presença de intérpretes de libras em três atrações da programação. Pessoas surdas e com deficiência visual relembraram clássicos da Jovem Guarda com a cantora Wanderléa e desfrutaram de muita diversão e risadas com shows de stand-up.

No Tablado Risadaria na rua José Bonifácio, Michelle Machado e Robson Nunes protagonizaram o espetáculo “Roupa Suja se Lava no Palco”. Os atores acharam “incrível” ter acessibilidade no espetáculo: “Eu e o Robson até comentamos que, teatro com Libras é mais fácil, porque fica todo mundo ali sentado, prestando atenção. E na hora do nosso improviso, todos olharam um para o outro como se eles estivessem lendo os papéis, então eu achei genial”, afirmou a atriz, que protagonizou uma “DR” divertida com Nunes, que, além de estar ao lado dela no palco, é seu companheiro de vida há 14 anos. Embora o ator tenha quase 20 anos de carreira, a experiência de ter suas falas traduzidas para a língua brasileira de sinais foi pioneira: “Eu acho que a inclusão é necessária em todos os aspectos. Essa é a primeira vez que eu faço um espetáculo com libras”, disse.

Marciel Silva, tradutor e intérprete de libras da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, foi quem garantiu, nos dois dias de Virada Cultural, a acessibilidade para pessoas com deficiência auditiva: “Sinto que o improviso é o que faz com que a gente se esmere mais, pois a maior dificuldade está em traduzir a piada de uma maneira que o surdo entenda e que fique cômico”, destacou Marciel.

No domingo, 21, ele traduziu as letras das músicas cantadas por Wanderléa no decorrer do musical “60! Década de Arromba”, apresentado no Vale do Anhangabaú: “É uma coisa inédita. Achei maravilhosa essa iniciativa; é a primeira vez que um show meu tem tradução em Libras”, comemorou a rainha da Jovem Guarda.

“É sensacional ter a presença dos intérpretes de Libras no nosso musical, pois significa que estamos aproximando a música das pessoas surdas. Queremos alcançar todas as pessoas, sem distinção”, disse o coreógrafo e ator do espetáculo, Victor Maia, que ainda nos contou que tem um irmão com deficiência visual.

A inclusão dos intérpretes de Libras na Virada Cultural foi promovida pela Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretarias Municipais da Pessoa com Deficiência e da Cultura. O evento apresentou uma programação variada, em vários pontos da cidade de São Paulo, de qualidade e gratuita.