Pessoas com Síndrome de Down tomaram conta do plenário da Câmara Municipal de São Paulo na sexta-feira, dia 21/03, em uma sessão que homenageou o seu dia. A solenidade começou com a apresentação de um musical dos anos 70 com jovens atendidos pela Apae São Paulo e, em seguida, os microfones foram ocupados pelos convidados, que puderam falar por si próprios e expor seus desejos. “Ser autodefensor é poder lutar pelos nossos direitos e deveres”, explicou Mariana Amato, 34, que participa das atividades desenvolvidas na Associação Carpe Diem. Sua colega, Ana Beatriz Pierre Paiva, 37, lembrou que para a pessoa ter voz e vez é preciso haver acessibilidade. “No caso das pessoas com deficiência física, a necessidade é de acessibilidade arquitetônica. Já para nós que temos Down, necessitados de uma comunicação acessível. Digo sempre; mude seu falar que eu mudo o meu ouvir. Nosso ritmo é mais devagar, mas não quer dizer que somos incapazes”, comentou Ana Beatriz, que já apresentou programas de TV e participa de atividades artísticas e de teatro na Carpe Diem. A associação foi a realizadora do evento na Câmara Municipal, juntamente com a Apae São Paulo e o apoio da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida (SMPED).
O Dia Internacional da Síndrome de Dowm tem o objetivo de conscientizar a todos sobre mudança do olhar para as potencialidades individuais destas pessoas. Foi a visão inclusiva de uma empresa privada que garantiu a Alison Katty, 25, uma chance no marcado de trabalho, Ela é boliviana, participou do serviço de qualificação profissional da Apae e desde 2012 trabalha como ajudante de almoxarifado em uma laboratório farmacêutico. “Seria ótimo que outras empresas fizessem o mesmo e quem sabe não precisássemos mais da lei de cotas para a contratação de pessoas com deficiência, já que temos os mesmos direitos”. O menino Vinícius de apenas 10 anos aproveitou o uso da palavra para tecer elogios a sua professora e dizer que adora matemática e inglês. Ele está no 4º ano do ensino fundamental de uma escola regular e frequenta o serviço de apoio à inclusão escolar da Apae São Paulo.
Os atores com Síndrome de Down que fizeram sucesso com o filme “Colegas”, Ariel Goldenberg e Rita Pokk, contaram sua experiência no cinema e de contracenarem com artistas famosos. Falaram também sobre a vida de casado que levam há 10 anos e a autonomia que possuem. Emocionados, os dois convidaram a todos os presentes na sessão para fazerem um juramento de respeito aos sonhos e desejos das pessoas com Down.
A secretária municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Marianne Pinotti, aproveitou a solenidade para expor o Plano São Paulo Mais Inclusiva. “Vocês podem observar que entre as 70 ações integrantes do plano, nenhuma delas fala especificamente sobre pessoas com Síndrome de Down. A ideia é justamente essa. Não separar pelo tipo de deficiência, mas sim garantir que sejam rompidas as barreiras que ainda impedem o acesso de todas as pessoas com deficiência aos serviços e bens que a cidade dispõe”.
O presidente do Conselho de Administração da Apae São Paulo, Felipe Clemente Santos, mencionou que no Brasil as leis de inclusão estão avançadas, mas que ainda faltam condições para que sejam todas cumpridas. “Não adianta incluir uma pessoa com deficiência no ensino regular ou no mercado de trabalho se a escola e a empresa não estiverem preparadas para lidarem com as necessidades específicas”, concluiu. Já a presidente da Associação Carpe Diem, Glória Maria Moreira Salles, pediu uma mudança de comportamento da sociedade. “Pais, professores, colegas, amigos, todos que lidam ou interagem de alguma forma com uma pessoa com Síndrome de Down precisam mudar sua atitude, seu olhar. Temos que prestar mais atenção no que eles querem, sentem e desejam”.
A sessão solene na Câmara Municipal de São Paulo foi proposta pelo vereador Rubens Calvo e contou com as presenças dos também vereadores Floriano Pesaro, Andrea Matarazzo, Edir Sales e Masataka Ota. O evento contou ainda com apoio do Instituto Anjos de Deus - IAD, Instituto Nacional de Inclusão Social de Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida - INIS e a Revista Reação.
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Crédito das fotos: Benjamim Lobão / SMPED
Benjamim Lobão
Benjamim Lobão