Outono começa dia 20 de março às 07h29 da manhã

Espera-se uma diminuição gradual das chuvas e temperaturas

De acordo com a série histórica do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Prefeitura de São Paulo, que compila dados desde 1995, até às 19h do dia 19 de março o verão 2016/2017 havia registrado 718,9mm, com média esperada para a estação de 664,2mm. O mais chuvoso permanece sendo o de 1995/1996 com 922,4mm, enquanto este verão é apenas o sétimo, numa série de 23 anos.

Janeiro foi o terceiro mês que registrou mais chuva, conforme a série histórica do CGE, com 357,7mm acumulados, ultrapassando em 47% a média esperada de 256,5mm. Foram registrados 28 dias com chuva, quatro a mais que a média histórica que é de 24 dias. O maior volume de precipitação em 24h foi computado no dia 16 com 52,1mm. Anterior a esse janeiro, os mais chuvosos foram os de 2010 e 2011 com 464,9mm e 412,5mm, respectivamente.

Após um janeiro chuvoso na Capital paulista, o mês de fevereiro registrou precipitação abaixo da média esperada que é de 219,2mm. Foram 156,2mm acumulados ao longo do mês, o que reflete um desvio negativo de 29%. A Capital registrou 19 dias com chuva, sendo que a média histórica para fevereiro é de 21 dias. O maior volume de precipitação em 24h foi no dia 24, com 38,8mm. Considerando a série histórica do CGE, o maior volume de precipitação ocorreu em 1995 com 415,9mm, justamente quando se iniciaram as medições.

"O outono começa dia 20 de março às 07h29 no hemisfério sul. A estação é marcada pela transição entre calor e chuva observados durante o verão e o inverno, com período frio e seco. O horário é astronômico e reflete o momento exato em que o sol ilumina igualmente os hemisférios norte e sul", explica Adilson Nazário, técnico em meteorologia do CGE.

Durante o outono observa-se a redução gradual das precipitações, bem como das temperaturas. Entretanto, essa transição se dá de forma lenta e gradual. "Áreas de instabilidade provocadas pelo calor e umidade passam a ser mais esporádicas e sistemas como a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) passam a ser mais raros no decorrer do outono", comenta Nazário. As frentes frias, sistemas meteorológicos que mais produzem chuvas nessa época do ano, passam a regular os volumes de precipitação sobre a região. Apenas as frentes frias mais organizadas é que eventualmente provocam chuvas mais significativas.

Uma outra característica que passa a ser mais frequente é a formação de nevoeiros e névoa, que obstruem a visibilidade tanto horizontal como vertical por conta do resfriamento noturno, a medida em que se aproxima do inverno. A amplitude térmica, diferença das temperaturas máximas e mínimas registradas em um mesmo período, são provocadas por predomínio de sol desde o amanhecer e rápida elevação das temperaturas. Em contrapartida, a perda radiativa a partir do meio da tarde é rápida e as madrugadas passam a ser mais frias ao longo da estação.

As inversões térmicas, que são as camadas de ar quente que se sobrepõem o ar mais frio próximo à superfície, passam a ser mais frequentes com a proximidade do inverno. "Estatisticamente, a partir do mês de maio observa-se que as massas de ar de origem polar começam a atuar com maior intensidade após a passagem de sistemas frontais. As temperaturas têm acentuado declínio, principalmente nos trechos de serra e baixadas", explica o técnico em meteorologia.

Segundo as simulações mais recentes dos modelos climáticos de previsão, a temperatura da superfície do mar (TSM) no Oceano Pacífico Equatorial Central encontra-se numa fase de neutralidade climática. Ainda de acordo com as simulações atmosféricas, durante o outono poderá haver a passagem da condição de neutralidade para um evento de El Niño, que é o aquecimento das águas superficiais do Pacífico Equatorial, ao longo do inverno.

"Diante deste cenário, os modelos indicam baixa previsibilidade e a expectativa é que as precipitações se mantenham dentro da média esperada para cada mês. Em relação ao comportamento das temperaturas, há uma tendência de se manterem dentro da média climatológica ou ligeiramente acima para os meses de outono", finaliza Nazário.