Histórico

Planetário Municipal do Carmo Prof. Acácio Riberi

O Planetário Municipal do Carmo Professor Acácio Riberi, situado no Parque do Carmo, foi inaugurado em 30 de novembro de 2005. O Planetário faz parte da Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz (UMAPAZ) junto ao Departamento de Educação Ambiental da Secretaria do Verde e Meio Ambiente.

O prédio do Planetário representa, de maneira estilizada, a forma das galáxias em espiral, como a Via Láctea. Seguindo essa inspiração uma parede retilínea se desprende da composição e forma um pórtico que destaca as paisagens visuais do Parque do Carmo. Implantada em um promontório, a construção oferece uma vista magnífica da vegetação do Parque e o perfil da cidade ao longe. Tão logo se aproxima dos portões de acesso, localizados na parte mais alta do terreno, o visitante visualiza a esplanada e o edifício. O fechamento da área técnica e administrativa, erguida com elementos vazados de concreto, revela o interior do ambiente onde os espetáculos astronômicos são produzidos, conferindo-lhe certa transparência. No interior do edifício, o visitante experimenta sensações singulares ao percorrer os espaços curvilíneos em diferentes proporções.

O edifício traz como destaque uma cúpula de cobre. Para confeccionar as placas nervuradas que cobrem completamente a semiesfera, as lâminas de cobre que revestem a cúpula externamente foram unidas por juntas de dupla-alçada e fixadas em cantoneiras do mesmo metal, junto às nervuras das placas de fibra de vidro. Completa o design da construção uma estrutura de aço, composta por paralelos e meridianos, sustentada por pilares de concreto apoiados em um anel, também de concreto, situado na base da cúpula. O resultado é uma composição arquitetônica marcada por formas curvas e pela combinação harmônica dos materiais de revestimento, como vidro e granito lavado. Como sistema de vedação, para conferir rigidez à tela, optou-se pela fibra de vidro, material que reúne atributos como leveza, alta resistência mecânica e estabilidade dimensional. Na questão acústica há estanqueidade absoluta, isolamento térmico e acústico, o que proporciona um tempo de reverberação que garante a inteligibilidade dos sons produzidos pelo espetáculo. O desempenho acústico ideal foi conseguido com a aplicação de três camadas de drywall e uma camada interna de lã de rocha revestida com chapa perfurada. As imagens projetadas na cúpula interna despertam no espectador a sensação de imersão total no espaço.

O prédio do Planetário também conta com sala de aula com 70 lugares, além de espaço para leitura e exposições no saguão. Os cursos da Escola Municipal de Astrofísica (EMA) são ministrados no Planetário do Carmo. No entorno do prédio, há uma esplanada cósmica onde estão localizados dois observatórios para atividades ligadas à astronomia, com observações monitoradas do céu.

O nome do Planetário presta homenagem ao Prof. Acácio Riberi, que nasceu em São Paulo, em 4 de setembro de 1924 e era formado em Contabilidade pela Escola Técnica de São Paulo. Em dezembro de 1952, o Prof. Acácio sofreu um descolamento das retinas provocado por uma uveíte (inflamação nos olhos). Após este fato, teve que abandonar a carreira de Contador e dedicou-se ao comércio.

Por volta de 1962, acompanhou seu filho, José Tadeu Riberi, na época com 9 anos de idade, em várias apresentações do Planetário. Ficou fascinado com o que ouviu e com o que José Tadeu lhe descreveu e começou a frequentar as aulas oferecidas pela Escola Municipal de Astrofísica. Uma certa dificuldade era enfrentada por ele quando acompanhava as aulas de Astronomia Esférica. Acácio possuía bons conhecimentos de matemática, geometria, física e química. Entretanto, na absorção das noções de geometria espacial, sua dificuldade era clara. Para solucionar tal problema, em uma noite, após o encerramento das aulas, foram confeccionadas, precariamente, pequenas representações da esfera celeste, de seus planos e eixos, com as folhas de um caderno.

Na semana seguinte, os mesmos modelos foram refeitos dessa vez em papelão. Por várias semanas, os modelos de papelão serviram para que Acácio pudesse, por meio do tato, aprender as noções apresentadas nas aulas. O sucesso foi tão grande, que mesmo aqueles que podiam enxergar os desenhos traçados na lousa, frequentemente se serviam dos modelos para uma melhor visualização das noções. Mais tarde, tais modelos foram substituídos por outros confeccionados em latão, isopor e compensado de madeira.

Graças a esses modelos, Acácio pode estudar Astronomia e formar-se professor em 1966, quando foi contratado com esse título, pela municipalidade, tendo aprendido Astronomia anos após ter perdido a visão. Sua desenvoltura nas salas de aula era tão grande, que muitos alunos só percebiam que ele era cego após várias aulas.

No período de 1966 a 1980 foi o responsável pelo curso de Astronomia para Principiantes, o mais básico dos cursos do Planetário, na época, destinado aos adultos. Em 1977 foi nomeado Chefe da Escola Municipal de Astrofísica.

Em 1980, o Prof. Acácio sofreu um enfarto e foi aposentado em 1982. Em novembro de 1998, veio a falecer ao sofrer novos enfartos. Durante sua vida profissional o Prof. Acácio ministrou vários cursos como os de Matemática para a Astronomia, Fundamentos de Astrofísica, História da Astronomia, Temas Astronômicos, entre outros, dando uma contribuição inestimável para a difusão dos conhecimentos da Astronomia.


Fontes:

CÉU DE AÇO E FIBRA, reportagem de Valentina Figuerola, Revista Au, edição 143, fevereiro de 2006.

PLANETÁRIO DO CARMO: A NOVA ESTRELA DA ZONA LESTE, reportagem da SVMA, fevereiro de 2006.

PROF. ACÁCIO RIBERI: UM EXEMPLO DE PERSEVERANÇA, por Paulo Gomes Varella.

 

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