Cidade de São Paulo ocupa posição pioneira em reciclagem de resíduos sólidos

Com inauguração das duas primeiras centrais mecanizadas de triagem da América Latina, capital vai triplicar a quantidade de resíduos reciclados. Política ambiental prevê até 2016 mais duas centrais automatizadas

Com uma agenda pioneira, São Paulo iniciou um processo inédito na reciclagem de resíduos sólidos com a instalação das duas primeiras centrais mecanizadas de triagem da América Latina, que vão permitir triplicar a capacidade de processamento de recicláveis, como latas, garrafas, papelão e plástico. Essa política ambiental prevê até 2016 mais duas centrais automatizadas. A meta é aumentar o percentual de reciclagem em São Paulo de 2% para 10%, até 2016.

Com a abertura das duas centrais mecanizadas, uma em Santo Amaro e outra em Ponte Pequena, e investimentos nas cooperativas, a capacidade de reciclagem chega a 7% dos resíduos gerados na cidade. Hoje a cidade produz no total 10,5 mil toneladas de resíduos por dia. Deste montante, os orgânicos são 50%, cerca de 35% é resíduo seco com possibilidade de ser reciclado e um porcentual de 18% é rejeito. Por isso, se considerarmos somente a porcentagem de resíduos secos, com as quatro centrais a cidade irá processar cerca de 45% dos recicláveis produzidos.

Na agenda ambiental da cidade está ainda a reutilização dos resíduos orgânicos por compostagem, para redução da quantidade de materiais enviados aos aterros sanitários. Um projeto-piloto distribuirá 2.000 composteiras domésticas e levantará informações para a ampliação dessa política. Os avanços no manejo adequado do lixo integram um conjunto de ações de melhoria do meio ambiente da cidade, que inclui ainda a implantação de 400 quilômetros de ciclovias até 2015, a qualificação do transporte público e a adoção das lâmpadas de LED para a iluminação pública.

As diretrizes para a gestão de resíduos na cidade estão organizadas no Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da Cidade de São Paulo (PGIRS), documento elaborado de maneira participativa com entidades e cooperativas. Atendendo à Política Nacional de Resíduos Sólidos, o plano lançado em abril deste ano estabelece metas e ações na área para os próximos 20 anos.

Central mecanizada

As primeiras centrais mecanizadas de triagem de resíduos recicláveis foram inauguradas em junho e julho deste ano nos bairros da Ponte Pequena, na região do Bom Retiro, e de Santo Amaro, na zona sul. Cada um dos equipamentos tem capacidade de processar 250 toneladas por dia. Para a instalação destas centrais foram investidos R$ 59 milhões. Mas não houve custo para a Prefeitura, pois as empresas concessionárias Loga e Ecourbis são responsáveis pelos empreendimentos como parte de obrigações do contrato de prestação do serviço de coleta de lixo na cidade.

De acordo com a concessionária Loga, o novo método separação dos resíduos permitirá um plano de expansão do atendimento com coleta seletiva para a totalidade dos 1,5 milhão de domicílios localizados na área de atuação da empresa, nas zonas norte, oeste e central da cidade. Já nas zonas sul e leste da cidade, atendidas pela Ecourbis, a coleta seletiva será ampliada ainda em 2014 para oito novos distritos. Em mais de 40 dos 75 distritos atualmente atendidos a coleta será universalizada para todas as ruas. A meta é de que até 2016 todos os 96 distritos da cidade sejam contemplados com o serviço.

Inclusão social

A política pública de ampliação da coleta seletiva está acompanhada de um processo de valorização das cooperativas de reciclagem. A renda gerada pela venda da produção das quatro centrais mecanizadas será revertida para o Fundo Municipal de Coleta Seletiva, Logística Reversa e Inclusão de Catadores.

A central da Ponte Pequena emprega atualmente por volta de 50 catadores da cooperativa Coopere Centro. Com a ampliação do processamento, a quantidade de cooperados envolvidos irá dobrar, com cerca de 70 catadores em dois turnos. Os trabalhadores atuam na seleção, inspeção e controle de qualidade dos materiais.

A nova central de Santo Amaro emprega inicialmente 62 membros da Cooperativa de Coleta Seletiva de Capela do Socorro (Coopercaps), que atualmente trabalham no processo de calibragem das máquinas.

Funcionamento

Os equipamentos instalados nas centrais automatizadas de São Paulo são inéditos na América Latina e foram importados da França, da Espanha e da Alemanha. Ao longo do processamento, o maquinário tem capacidade de separar por volta de 10 tipos diferentes de resíduos. Todo o trajeto dos materiais ocorre esteiras automatizadas.

Veja aqui o funcionamento da Central Mecanizada de Santo Amaro.
Veja aqui o funcionamento da Central Mecanizada da Ponte Pequena.

Como contribuir

Para atingir a capacidade total de 500 toneladas, além dos ajustes em logística e nos equipamentos, é necessário contar com a contribuição da população. Para saber se sua residência conta com coleta seletiva, é possível consultar as empresas responsáveis pela coleta de lixo na capital, pela internet ou por telefone. A empresa Loga disponibiliza uma busca e atendimento pelo telefone 0800-770 1111. Ela atende às subprefeituras Butantã, Casa Verde, Freguesia do Ó, Jaçanâ/Tremembé, Lapa, Mooca, Penha, Perus, Pinheiros, Pirituba/Jaraguá, Santana/Tucuruvi, Vila Maria/Vila Guilherme e Sé.

A empresa Ecourbis também oferece busca online na internet e pelo telefone 0800-772 7979. A concessionária é responsável pelas subprefeituras de Aricanduva / Formosa, Campo Limpo, Capela do Socoro, Cidade Ademar, Cidade Tiradentes, Ermelino Matarazzo, Guaianases, Ipiranga, Itaim Paulista, Itaquera, Jabaquara, M’Boi Mirim, Parelheiros, Santo Amaro, São Mateus, São Miguel, Vila Mariana e Vila Prudente.

Para contribuir com a reciclagem, são importantes alguns cuidados no descarte do lixo, principalmente a separação dos resíduos recicláveis, como latas e garrafas, dos resíduos orgânicos, como restos de comida e cascas de frutas. Recicláveis com restos de alimentos devem ser enxaguados para não contaminarem outros materiais.

Veja aqui os distritos com coleta seletiva universalizada em 2014.

Veja abaixo mais informações sobre os materiais que podem ser encaminhados para reciclagem:

Papel – jornais, revistas, cadernos, livros, papel de seda, caixas de papelão, cartolinas, papel kraft, papel de desenho, caixas tipo longa vida
Não são recicláveis: carbono, celofane, papel vegetal, papel fotográfico, fitas e etiquetas adesivas, papéis metalizados, parafinados ou plastificados

Plástico - sacos e sacolas, potes, tampas, garrafas PET, embalagens de produto de limpeza, canetas sem carga, escovas de dente, isopor, baldes e utensílios de cozinha
Não são recicláveis: acrílicos em geral, adesivos, tomadas, embalagens com material corrosivo e tóxico, espumas, plásticos “termofixos” (utilizados em telefone, computadores, teclados)

Metal - latas e objetos de alumínio, cobre, chumbo e bronze, fios, tampinhas, embalagens de marmitex, arames, chapas, canos, grampos e clips
Não são recicláveis: esponjas de aço e latas de aerossol, tinta ou pesticidas

Vidro - garrafas, frascos de condimentos, copos, pratos e outros objetos
Não são recicláveis: espelhos, lâmpadas, cristal, vidro plano, cerâmica e porcelana

Números da Central mecanizada da Ponte Pequena:

Área: 3 mil metros quadrados
Capacidade diária: 250 toneladas
Investimento: R$ 26 milhões
Funcionários: 50

Números da Central Mecanizada de Santo Amaro:

Área: 4.800 metros quadrados
Capacidade diária: 250 toneladas
Investimento: R$ 33 milhões
Funcionários: 62

Fonte: Secom