Sete fisiologistas do Laboratório de Fisiologia do Exercício, do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa (COTP) estão desenvolvendo uma pesquisa pioneira no Brasil. O grupo investiga os efeitos do pré-condicionamento isquêmico no desempenho dos atletas. Até então, a Holanda era o único país em que foi realizado este tipo de estudo.
“O pré-condicionamento isquêmico é uma manobra que visa preparar o músculo para o exercício físico através da exposição a ciclos curtos de interrupção e reestabelecimento do fluxo sanguíneo”, explica o doutor Bruno Silva, coordenador do projeto. O procedimento melhora a capacidade de sprints repetidos e possui duração total de 40 minutos.
Com duração aproximada de vinte minutos, o teste é composto por três séries separadas por três minutos de recuperação. Em cada série, o voluntário realiza seis sprints de 30m, separados por 20 segundos de recuperação. Durante o sprint, é necessário correr 15m, mudar de direção em 180 graus e correr os outros 15m no menor tempo possível. No total, o teste dura em torno de 20 minutos, estima o grupo de pesquisadores.
A estratégia já foi adotada em cinco voluntários. Dois deles são professores do COTP: Luiz Cândido (atletismo) e Lucas Piccinato (futebol). “O teste é bem simples e não oferece dificuldades, apesar de ser bem cansativo”, descreve Piccinato, técnico da categoria sub-15. “Quando os testes terminarem, vamos utilizar essa técnica no futebol”, completa. O objetivo dos pesquisadores é aplicar o teste em mais cinco voluntários até o final do ano.
Próximos passos
“Os resultados preliminares, com a participação de cinco voluntários, mostram que o pré-condicionamento isquêmico melhorou substancialmente (aproximadamente 10%) a capacidade de sprints repetidos. Tal melhora está associada à eficiência na forma como o músculo produz energia”, expõe Thiago Lopes, integrante do grupo que conduz a pesquisa. Os resultados iniciais foram apresentados no 36º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, organizado pela CELAFISCS (Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul).
As conclusões tiradas por Bruno Silva, Thiago Lopes, Felipe Freitas, Thiago Ferreira e pelos doutores Antônio Carlos da Silva, José E. Succi e Said R. Rabbani devem ser parecidas com os resultados obtidos por cientistas holandeses em 2010. Depois da aplicação do pré-condicionamento isquêmico, ciclistas da Holanda melhoraram o desempenho em testes de resistência. Se os resultados forem confirmados, o método será utilizado nos treinamentos de atletas do Centro Olímpico.
Iniciativa
Criado em 2008, o Laboratório de Fisiologia do Exercício do COTP foi implantado através de uma parceria entre o departamento de Fisiologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e a Secretaria de Esportes, Lazer e Recreação (SEME). O espaço possui o objetivo de realizar testes e medidas das qualidades físicas dos atletas do Centro Olímpico, aprimorando a qualidade dos treinamentos para as principais competições. “O laboratório tem trazido grande contribuição na produção de conhecimento na área das ciências do esporte”, finaliza o fisiologista Thiago Lopes.
Conheça o funcionamento de um teste de sprint repetido
Texto:
Juliana Salles - jsalles@prefeitura.sp.gov.br
Foto 1: Arquivo SEME
Foto 2: Arquivo/ Laboratório de Fisiologia do Exercício
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