Handebol: da ilha para o continente

Técnico é o primeiro cubano legalizado e autorizado a jogar fora do país

Selecionado para a série “Pratas da Casa” desta semana é o cubano Daniel Suarez, professor de handebol do Centro Olímpico. O atleta viu que precisava de muito mais do que o país podia oferecer, acabou encontrando no Brasil todo o apoio e incentivo que precisava para continuar brilhando nas quadras.

Daniel começou a jogar handebol com apenas sete anos, após ter se destacado nas aulas de Educação física, o atleta passou por uma espécie de peneira que todos os atletas precisam passar em Cuba. Sendo aprovado pelo “detector de talentos”, Daniel foi transferido para a escola de iniciação, onde jovens talentos começam os treinos para se tornar atletas de alto rendimento. Após a escola de iniciação, Suarez foi encaminhado para a escola de aperfeiçoamento e depois para a seleção.

Como Daniel iniciou cedo a carreira de esportes, logo encontrou a primeira dificuldade: conciliar o esporte com os estudos. ”Sempre pensei em seguir a carreira de atleta“, conta. Após o ensino médio, Suarez se formou em Cultura Física ainda em Cuba. Daniel competiu em 5 campeonatos mundiais e 4 pan-americanos, mas nunca teve a oportunidade de participar de uma edição dos Jogos Olímpicos. Nas épocas em que competia, o atleta sofreu com os boicotes que eram impostos à nações socialistas. Além disso, segundo o atleta, um dos impedimentos era a lógica utilizada para montar as seleções do país. Atletas que não eram vistos como promissores pelos técnicos, não recebiam investimento do Governo. Depois de ser impedido de ir as olimpíadas por quatro vezes, decidiu que não poderia mais continuar em Cuba. “ Não tinha mais o que fazer lá”, relata o jogador.

Suarez conseguiu fazer um intercâmbio para aprender mais sobre o handebol. No Brasil também conheceu a sua atual esposa, casou e teve uma filha, aumentando ainda mais os motivos para ficar no país. Quando decidiu migrar para terras tupiniquins, Daniel recebeu o apoio que precisava da família “Foi uma decisão minha. Não é fácil deixar sua família e os seus amigos para trás” Mesmo com a dificuldade, não houve nenhum arrependimento. Com o apoio da faculdade, Daniel Suarez se tornou o primeiro cubano legalizado e autorizado para jogar fora do país. Há três anos no Centro Olímpico, Suarez já possui planos para o futuro. “Há três coisas no plano de um atleta: ser atleta, ser um treinador e ser um dirigente. A minha meta agora é ser dirigente” .

Quanto ao Brasil, Suarez, emocionado, conta o que sente pelo país que orecebeu de braços abertos. “Eu gosto de tudo daqui, não vejo nenhum defeito, a cultura, o povo bacana, várias oportunidades. O Brasil é a minha casa, o país que me acolheu”. Dentre todas as diferenças existentes entre os dois países, a que mais fascina o treinador é a liberdade. “ Aqui você é livre, não tem que prestar contas a ninguém”.

Depois da ilustre carreira de atleta, Daniel Suarez se concentra em passar o melhor para os seus alunos. “Adoro ensinar. Aqui no Centro Olímpico nós formamos atletas e acima de tudo cidadãos”. Daniel complementa a sua experiência com cursos que procura fazer fora do país e assim passar o melhor para os futuros atletas. Além de fazer parte dos planos do jogador, ser treinador também está trazendo muitas felicidades para ele. “Quando você vê o sorriso e a alegria da atleta, quando você vê a vontade que ela tem de se tornar uma atleta de alto nível, você percebe que isso não tem preço”. E caso a filha desejar seguir a carreira de atleta, apoio com certeza não vai faltar. “Se ela escolher o esporte vai ser muito bom, eu como pai daria todo o suporte e apoio”.

Texto e foto:
Renata Simond– rsimond@prefeitura.sp.gov.br
 

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