Murillo Albuquerque atinge marca e garante vaga no Mundial Sub-20

Atleta do Centro Olímpico vai à Polônia disputar o campeonato

Para disputar o Mundial Sub-20 de atletismo no Salto Triplo, deve-se alcançar a marca de 15,81, índice exigido pela Confederação Brasileira de Atletismo. E foi exatamente essa marca, 15,81, que o Murillo atingiu.

Murillo Albuquerque, 17 anos, atleta do Centro Olímpico, obteve a marca mínima exigida para ir ao Mundial Sub-20 em Bydgoszcz, na Polônia, que será realizado entre os dias 19 e 24 de julho de 2016.

O atleta despontou no atletismo através dos Jogos Escolares, quando decidiu fazer peneira no COTP com o Professor Adilson, na quarta série, onde já se destacava. Enquanto os outros meninos saltavam três metros e pouco, ele saltava aproximadamente 4,09m.

No ano passado, Murillo atingiu o índice de 15,06 e, novamente, fez a marca mínima exigida pela Confederação Brasileira de Atletismo, quando garantiu sua vaga no Mundial Sub-18 no México. “Eles têm um carinho enorme pelo brasileiro, a gente foi muito bem recebido, parecia que você era famoso de tanta foto! É muito bom competir bem pelo seu país e o pessoal reconhecer isso.”

Sobre reconhecimento, o brasileiro é diferente do mexicano. “No Mundial anterior, foi uma coisa absurda, eu nunca vi um estádio tão cheio. Se fosse no Brasil, não seria dessa forma, não temos reconhecimento e nem valorização. Agradeço por existir o Bolsa Atleta mas precisa de maior visualização porque qualquer apoio já torna a gratidão? e não há nada como ela.

Sou muito grato por tudo que eu tenho e por tudo que estou me tornando, mas ainda falta muito ao brasileiro. Parece que não quer mudar, só pensa em futebol, sendo que o esporte está em decadência. “Estamos aqui para mudar esse parâmetro.”

Com seus 1,90m de altura, Murillo se diz tranquilo para disputar o Mundial na Polônia. “A ansiedade atrapalha muito. Na hora do salto, quando chamam seu nome ou você vê no placar seu sobrenome, a perna bambeia, o coração palpita. No México, eu senti a vibração da plateia. Entrei na prova e me perguntei “onde eu estou”?”. Foi incrível”.

Murillo pensou em desistir duas vezes: quando teve que passar ao dentista para fazer exames médicos, o seu medo quase foi maior que sua vontade de crescer dentro do atletismo, e quando passou por um estirão?.. de crescimento que não o deixou obter boas marcas – natural nessa fase –, e por diversas vezes, seu treinador o ajudou a continuar.

Uma de suas maiores motivações foi o seu técnico, Ricardo Barros. Desde o começo do ano, faltavam 60 cm para alcançar a marca. “Meu treinador acreditava, me motivava com seu carinho e falando que eu tinha reais chances de estar naquele Mundial. É uma consideração muito grande que eu tenho por ele.”

Ricardo de Souza Barros, 59 anos, está no Centro Olímpico desde 1982. Orgulhoso do atleta, o técnico brinca “Eu fui técnico dele bem no comecinho, quando ele era bem pequeno, posso dizer até em termos de altura”.

Respeitando o tempo do atleta, Ricardo segue uma linha de treinamento em que o resultado deve sair naturalmente e sem pressa. Segundo ele, uma de suas missões é mostrar ao Murillo aonde ele chegou e aonde ele pode chegar, sem deixar que isso suba à sua cabeça, mostrando que, hoje, ele é um exemplo para os atletas do Brasil que disputam a sua prova.

O atleta é muito grato, claro, ao Ricardo, seu treinador; ao atleta Alan por lhe ajudar a comprar uma sapatilha, pois no Brasil não é fácil de achar – devido ao país não valorizar esse esporte – e sua família que sempre ofereceu suporte.

Texto: Estella Gomes - ecgomes@prefeitura.sp.gov.br

Fotos: Mariane Barbosa - marianeoliveira@prefeitura.sp.gov.br