Contagem regressiva

Saiba mais detalhes sobre a preparação e o clima pré-final da Copa SP14 em Guaianases

A 30 quilômetros do estádio do Pacaembu, os treinos para a grande final da Copa SP14 vão muito bem, diga-se de passagem. Há quase um mês, 23 garotos da Seleção de Guaianases estão se preparando para o clássico do Extremo Leste, com direito a amistosos contra times Sub 15, rachões noturnos e testes em campo de gramado natural na Grande São Paulo. A maratona será finalizada amanhã (25), com a partida contra a seleção de Itaquera, a partir das 10h, no estádio do Pacaembu.

CEU Jambeiro. Mais do que um cartão postal do extremo leste, o Centro Educacional Unificado também abriga o campo do Botafogo de Guaianases, uma das principais equipes da região. O espaço sediou ainda os treinos e os dois amistosos da Seleção para a reta final da Copa SP14. No primeiro teste, a equipe ganhou do SE Paulistinha por 2 a 0. Na segunda partida, Guaianases empatou com o Sub 15 da AD Continental Leste em 0 a 0. O treino em gramado natural aconteceu no campo Treze de Maio, em Suzano, na última quarta-feira (22). O último encontro do time antes da final aconteceu na manhã desta sexta-feira (24).

As preleções em Guaianases são feitas por quatro professores. Com o trabalho em equipe em primeiro lugar, Alef, Márcio, Rodolfo e Sérgio realizam recomendações técnicas e táticas aos atletas. Preocupação com a condição física dos garotos e lembretes importantes, como a importância e a obrigatoriedade do uso da caneleira, por exemplo. Para facilitar a comunicação entre o grupo, foi criado um grupo na rede social Whatsapp. Lá relembra-se a agenda de treinamentos e compartilha-se fotos e lembretes da preparação para a final. No grupo, também sobra espaço para brincadeiras relacionadas aos três principais times de futebol da capital paulista, além de momentos de descontração e amizade. O atual nome do grupo é “Fooco Guaianazes”. Nada mais adequado para a véspera de uma final no Pacaembu.

O lateral-direito Deivid não consegue esconder a ansiedade. “O troféu é lindo! As medalhas também…”, comenta o jogador. No dia do treino em Suzano, o garoto estranhou o tamanho do campo, mas logo se adaptou. A final da Copa SP14 ficará marcada como a primeira vez em que Deivid vai ao Pacaembu. Se Guaianases ganhar a final, a festa na família será em dose dupla: Robson, primo de Deivid, também atua pela Seleção.

Conversas de arquibancada

Quando uma seleção de futebol se destaca, a torcida marca presença em todos os treinamentos. É o que acontece em Guaianases. No banco revestido de arquibancada, os olhares atentos voltam-se ao aquecimento e ao rachão no campo do CEU Jambeiro. Histórias não faltam em meio à concentrada torcida.

O Morro do Jardim Morena completa a paisagem do campo do Botafogo de Guaianases

“Detesto bola. Não quero ver você jogando bola. Campo não presta”. É difícil associar essa frase com uma pessoa que está acompanhando um treino de futebol em uma noite de terça-feira. Mas a opinião negativa sobre esse esporte já fez parte da vida da dona de casa Maria Nunes. Durante três anos, ela repetia essas palavras o tempo inteiro para o filho, João Gabriel Nunes. A perseguição com o futebol não parava por aí: “Quando chegou a Copa (do Mundo), eu queria que o Brasil perdesse mesmo. Quando passava jogo na televisão, eu desligava e não deixava ninguém assistir”, relembra.

Depois do divórcio, a opinião de Maria a respeito do esporte mais popular do Brasil começou a mudar. Sem ter ninguém para acompanhar os treinos de João Gabriel, Maria assumiu essa missão. “Aí foi crescendo a vontade de acompanhá-lo e eu comecei a gostar de jogo”. Hoje em dia, a dona de casa não vive sem futebol. Ela não perde nenhum treino. “Onde ele vai, eu vou. Pode ser de manhã, à tarde, à noite”, relata.

Um enxoval composto por berço, fraldas, roupinhas e uma bola de futebol dente-de-leite. Foi assim que o comerciante Edman de Jesus se preparou para o nascimento de Lucas Caetano de Jesus. Nenhuma surpresa para o país do futebol. “Esperei ele completar cinco anos e coloquei-o na escola Meninos da Vila”, conta Edman. A partir daí, Lucas se apaixonou pelo esporte. “Estou aqui distraindo a cabeça e observando-o aqui. Quando ele não está aqui, está na escola. Às vezes eu falo pra ele, brincando mesmo: ‘vamos sair da escolinha?’. Ele fala: ‘não. Vou até sozinho’. É a paixão, é o sonho dele”, relata o comerciante.

Raul Santos de Oliveira não colocou uma bola no berço de Gabriel Oliveira quando o menino nasceu. Por outro lado, o torneiro mecânico foi o primeiro técnico do lateral-direito reserva de Guaianases: “Quando eu tinha folga, nós íamos para as quadras para jogar (...) Aí o treinador gostou dele, colocou-o para jogar. O pessoal aqui gostou dele, foi selecionado. (...) Ele é muito esforçado, muito esperto. Sempre estou perto dele, acompanhando…”.

Dream Team da Zona Leste

Para Raul Santos Oliveira, o jogo mais emocionante de Guaianases foi o da semifinal contra Pirituba/ Jaraguá: “Estamos aí, vamos para a final e tenho certeza de que nós seremos campeões! Essa é a minha tese: pra mim, essa é uma das melhores seleções que já rodou aqui em Guaianases.”

Para montar a seleção dos sonhos, foram necessários dois meses de peneiras, 250 inscritos e quatro membros da comissão técnica. O elenco conta com atletas do Botafogo de Guaianases, Paulistinha de Robru, A.D.Continental Leste, Codó e Guarulhos. O Botafogo foi o time que cedeu mais jogadores para a Seleção: 10 atletas. Fora da Copa SP14, essas associações também se enfrentam em competições municipais e estaduais, como é o caso da Taça Cidade de São Paulo de Futebol Masculino.

O “Dream Team” de Guaianases também trouxe grandes alegrias para Carmem Rejane da Silva Melo. A mãe do goleiro Breno contrariou até recomendações médicas para comemorar a vitória nos pênaltis na semifinal: “Eu tava com a perna cortada, levei nove pontos e, quando eu vi, quando eles ganharam, eu já estava pulando. Meu esposo falou: ‘mas você está com a perna machucada!’. Eu falei: ‘não importa! Não estou sentindo dor’. Foi muito emocionante”, relembra.

Rejane conta ainda que Breno se apaixonou pela função de goleiro com o tempo: “Ele treinou, treinou, treinou. Uma hora ele chegou em casa e falou: ‘mãe, faz uma roupa de goleiro pra mim porque eu sou goleiro.’ Fiz a roupa pra ele, que, inclusive, está guardada em casa, pois não serve mais”, afirma.

O gerente Marcos Souza também “bota” fé no time dos sonhos de Guaianases: “A gente sempre tem esperança. O time é bom. Estamos sempre acompanhando os treinos e jogos. Venho torcendo bastante”, aponta o pai do zagueiro Lucas Menczigar. A torcida da Seleção virou uma família: já houve até café da manhã comunitário no CEU Jambeiro.

O Pacaembu vai ficar pequeno para tanta emoção: a promessa é de que cerca de 2 mil pessoas saiam de Guaianases para acompanhar a grande final no Paulo Machado de Carvalho. Cada jogador vai entrar com um “mascotinho” no gramado, nome dado para as crianças que entram em campo com os atletas de futebol em jogos profissionais. A cada minuto que passa, a ansiedade aumenta entre os jogadores, famílias e comissão técnica: “Mãe de jogador sofre”, sintetiza Rejane.

O perigo mora ao lado

Enquanto isso, no bairro vizinho, a Seleção de Itaquera continua com sua boa campanha rumo ao título. Depois de cinco amistosos preparatórios, com três vitórias e dois empates, o time promete dar trabalho à Seleção de Guaianases.

Apesar da boa fase da equipe, para o técnico Gilberto Roque ainda não há motivos para comemorar: “Em todos os amistosos minha nota é 6. Quero dar o 10 só na final”. Assim como em Guaianases, as cinco equipes que a Seleção de Itaquera enfrentou eram da categoria sub15, uma exigência de Gilberto, para fazer um preparo intenso com o time.

Em seu primeiro amistoso, os meninos enfrentaram o Líder Pool, vencendo por 2 a 1. Na segunda partida, contra o ACIC Corinthians, a vitória por de 3 a 0. Já no terceiro jogo, o primeiro empate da equipe, 4 a 4. Contra o São Bernardo, em seu quarto amistoso, venceram por 2 a 1. No quinto e último, contra os meninos de Poá, novamente um empate, em 2 a 2.

Para o lateral direito Lucas Nascimento, os amistosos fizeram toda a diferença: “Os jogos foram muito bons, para nos prepararmos melhor”. Gilberto completa: “Tivemos adversidades, chuva, campo molhado, irregular. Mas os meninos se saíram bem, conseguiram sobressair, estão progredindo”. Já o padrinho do time, o coordenador do CE José Bonifácio, Márcio Issa, fala com orgulho de seus pupilos: “Nosso objetivo é dar apoio incondicional a eles, tirar os meninos da rua e trazer para o esporte”.

Texto:

Cobertura de Guaianases:

Juliana Salles - jsalles@prefeitura.sp.gov.br

Cobertura de Itaquera:

Stephanie Frasson - sbffranco@prefeitura.sp.gov.br

Fotos: Arquivo SEME

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