Judô segue como destaque na 7ª edição da Virada esportiva na Freguesia

CE Freguesia do Ó, mas conhecido como Cefó, tem todas as quadras ocupadas, diversas atividades esportivas e intensa presença do público local

Um dos centros esportivos escolhidos para estender a virada nos finais de semana com o “Revirando a Virada” foi marcado por intensa movimentação e uma diversidade de etnias durante a sétima edição da Virada Esportiva. No CE Freguesia do Ó, foram oferecidas atividades como tênis, capoeira e judô.

O torneio feminino e infantil de tênis contou com a presença e auxílio do coordenador da modalidade no local, Anderson Souza. “O tênis é uma oportunidade para diversas faixas etárias e a qualidade de vida é um dos benefícios do esporte” reforça Anderson, que trabalho no projeto há cerca de um ano pela ONG Cads.

Luciana Martins Correia Baliões, que pratica o esporte há cerca de um ano e dois meses, enxerga boas oportunidades neste esporte: “o tênis é completo, engloba tudo que é bom: cultura, educação, disciplina e integração”, comenta Luciana.
O contramestre Fabio Couto (Fabinho), grupo cordão de ouro do projeto “Brincando de Capoeira”, nos conta que houve o tradicional batizado. "A capoeira consegue agregar a família, um esporte que vem para somar e receber as pessoas. Você joga com a pessoa, não contra ela. Essa modalidade não é uma briga”, afirma Fabinho.

Um dos bairros contemplados pela primeira fase de implementação do “Revirando a Virada”, a Freguesia do Ó possui grande concentração de imigrantes bolivianos que frequentam o clube. Para atender grupos como esse e todo o restante da população local, o clube dispõe de aulas de judô, ginástica, karatê, tai chi chuan, vôlei e futsal. Em clima de Virada, o clube se prepara para funcionar 24h nos finais de semana. “Precisamos preparar a casa para receber os convidados”, declara o diretor e também carnavalesco Diego Tadeu Faria, o Turcão, a respeito do “Revirando a Virada”, que começa no dia 28 de setembro.

Judô, o carro forte da unidade

Com a maior concentração de alunos no clube, o judô foi o esporte que mais despertou o interesse da molecada no sábado (21) das 14h às 16h. O judô ensinado no Cefó tem o intuito de ser educacional e recreativo e não uma prática desgastante, exaustiva, algo comum em academias.

Edmilson Costa Leão, atleta desde os 10 anos e professor da modalidade, explica alguns dos benefícios do judô: “o aluno aprende, acima de tudo, a respeitar os pais e as pessoas mais velhas, sempre se dirigindo a eles como senhor e senhora, nada de você. A troca de faixa se dá pelo merecimento: é preciso tirar boas notas, não falar palavrão e nada de ficar na rua.” Segundo as tradições japonesas e do fundador do esporte, Jigoro Kano, o judô criado em 1822 e tem como um de seus objetivos o respeito hierárquico, que fortalece a disciplina com a obediência ao próximo.

“O cumprimento e a saudação no judô não sé dá somente no plano físico. Ao fazer tal gesto, cumprimenta-se a história, o passado do adversário”, explica o professor Edmilson Leão. Outra curiosidade neste esporte é a origem da diferença de cor do quimono (azul e branco): essa distinção nasceu pela dificuldade que as pessoas tinham em diferenciar os adversários, já que antigamente os quimonos eram somente brancos.

Frequentador assíduo do judô no Cefó, José de Freitas, o Zé, diz que todos os seus filhos praticam o esporte: “sempre digo para eles que as dificuldades no esporte devem ser superadas”, exalta.

“Não é difícil saber porque, hoje em dia, o judô é uma ferramenta usada na educação”, exalta Edmilson. “Não existe derrotado no judô, ninguém perde, só ganha, adquirindo-se experiência, educação, crescimento, raciocínio, conhecimento, interpretação, autocontrole. Trabalham o conceito de Yan e Yang, que não ensina violência e agressividade, mas sim a confrontar com a mudança a partir do princípio da autodefesa. Para se dar um passo para frente, precisa-se dar um para trás. Você cresce quando ensina, quando o outro precisa de você. O Sansei explica que é preciso abrir mão de suas vaidades, aprendendo quem você realmente é, em busca da autoimagem”, esclarece o professor.

Primeiro, precisa-se vivenciar o esporte, gostar dele, para depois aprendê-lo. “O que não se ocupa pelo bem, ocupa-se pelo mal”, afirma Edmilson. O Sansei diz que a estrutura para se desenvolver o esporte já existe, porém o que falta muitas vezes é boa vontade dos profissionais e voluntários para manter os alunos nas salas de aula. “Muitas vezes é preciso doutrinar a cabeça dos pais, para não quebrar a corrente que trabalhamos com eles", finaliza.

Texto e fotos: Isabella Feitosa