Filme "O Invasor" reúne na região da Luz moradores e integrantes do programa De Braços Abertos

Projeção foi seguida de uma roda de conversa com Suplicy e o diretor Beto Brant

Integrantes do programa De Braços Abertos, moradores do bairro da Luz e de outras regiões da cidade se reuniram ontem à noite, dia 9, no Largo Coração de Jesus, para assistir ao filme "O Invasor", do diretor Beto Brant. As projeções de cinema no local ocorrem toda quarta-feira, há cerca de dois meses, como parte do projeto Cidadania Rodante, e a de ontem integrou a programação do 3º Festival de Direitos Humanos – Cidadania nas Ruas.

O filme começou por volta das 19h e, ao final, uma roda de conversa reuniu os espectadores para debater a obra e o significado da sessão de cinema em meio a um território tão estigmatizado da cidade.

“Eu adoro, venho toda quarta-feira. Vir aqui, ver um filme, trocar ideia... Sendo bom, gosto de todo tipo de filme, de ação, estrangeiro, nacional, animação, adoro cinema”, contou Hélio, de 41 anos. Há oito anos morando nas ruas da região, Hélio está no programa De Braços Abertos desde o início. Conta que hoje mora num dos hotéis da região, junto com mais dois amigos. O trio sempre está presente nas sessões de cinema. “Você tem que ver a quantidade de DVDs que nós temos no quarto!”, exclama, explicando ter comprado o aparelho com o recurso ganho pelo trabalho feito no programa.

Um dos coordenadores do Cidadania Rodante, o psicólogo Cristiano Ribeiro Vianna explica que o objetivo do programa é sedimentar raízes no bairro. “O projeto foi escrito para ter duração, criar uma cultura de vizinhança e estabelecer um espaço de reconhecimento.” Para ele, a região da Luz é um espaço de sonho e de resistência, há mais de 20 anos. “É preciso criar uma vizinhança e isto está acontecendo. A rua está aqui para ser ocupada. O espaço está aberto para quem quiser chegar”, afirma.

O secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Eduardo Suplicy, lembrou que foi a segunda vez que ele acompanhou uma projeção de cinema no local – a primeira projetou o documentário sobre o vida do rapper Sabotage. “O importante é continuarmos a ter esperança, não desistir, acreditar que é possível desenvolver para melhor nosso país e nossa cidade”, disse.