Análise de ossadas no Centro de Antropologia e Arqueologia Forense da Unifesp
Em sua primeira edição, o Prêmio de Direito à Memória e à Verdade Alceri Maria Gomes da Silva homenageia o professor Fábio Konder Comparato e entrega menções honrosas à cineasta Tatá Amaral e ao Centro de Antropologia e Arqueologia Forense da Unifesp (CAAF).
A premiação vai acontecer no dia 12 de dezembro, no Auditório do Ibirapuera, junto com a cerimônia de entrega do Prêmio de Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns e o Prêmio Municipal de Educação em Direitos Humanos.
A iniciativa é uma das recomendações da Comissão da Memória e Verdade da Prefeitura de São Paulo. Os ganhadores foram deliberados pela própria comissão, mas nas próximas edições a homenagem contará com um júri de especialistas e um edital público para receber indicações.
Fábio Comparato
O nome de Alceri Maria Gomes da Silva foi escolhido pela comissão para batizar o prêmio de Memória e Verdade. Mulher, negra, operária, Alceri foi militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), e foi assassinada em 17 de maio de 1970, oito dias antes de completar 27 anos, quando agentes da Oban invadiram e metralharam a casa onde ela residia, um "aparelho" no Tatuapé. Alceri foi morta com quatro tiros, de acordo com o laudo necroscópico assinado pelos legistas João Pagenotto e Paulo Augusto Queiroz Rocha e enterrada como indigente no cemitério municipal de Vila Formosa. Na ocasião, também foi executado Antônio dos Três Reis Oliveira, seu companheiro na VPR.
Homenageados
Fábio Konder Comparato é advogado e jurista, além de professor emérito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Foi responsável pelo questionamento da constitucionalidade da Lei da Anistia, autor da representação à Comissão Interamericana de Direitos Humanos que obrigou o país a investigar e punir crimes de agentes da repressão durante a ditadura e advogou em ação que reconheceu que Carlos Alberto Brilhante Ustra cometeu crime de tortura.
O CAAF foi criado há dois anos para realizar a identificação das mais de mil ossadas da vala clandestina no Cemitério Dom Bosco, em Perus. O centro tem realizado as tarefas necessárias para análise dos restos mortais em conjunto com familiares de desaparecidos que podem ter sido enterrados ali.
A cineasta Tata Amaral dirigiu, entre outros, o filme "Hoje", no qual mergulhou no tema da memória e da verdade ao construir uma ficção sobre uma ex-guerrilheira, viúva de um desaparecido político, que compra um apartamento com a verba indenizatória recebida do Estado. Em 2016, inspirou-se novamente na resistência à ditadura no filme "Trago Comigo", em que um diretor de teatro resolve adaptar para os palcos sua própria trajetória como guerrilheiro, preso político, torturado e exilado.
Tata Amaral
Serviço
Prêmio de Direito à Memória e à Verdade Alceri Maria Gomes da Silva
12 de dezembro
18h
Auditório do Ibirapuera