#Ubuntu: Djamila Ribeiro e Gabriela Vallim celebram posse e debatem o papel da mulher negra

Com auditório lotado, a secretária adjunta e a coordenadora de Políticas para Juventude da SMDHC ressaltaram a militância nos espaços de poder

Foto: Christian Braga

Aplausos e mais aplausos, gritos, saudações emocionadas e muitos, muitos sorrisos. Assim foram recebidas Djamila Ribeiro e Gabriela Vallim, respectivamente secretária-adjunta da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) e coordenadora de Políticas para Juventude da SMDHC, que, nessa quarta-feira (29) participaram de uma cerimônia de posse simbólica, acompanhada por um diálogo sobre “Mulheres Negras nos Espaços de Poder”, realizado em uma lotada Sala Olido.

Na abertura do evento, Gabriela destacou a importância da representatividade dos negros na gestão e contou sua história no movimento #15contra16 que liderou a reivindicação contrária a redução da maioridade penal no país. “Essa é uma das primeiras vezes que estou em um auditório e a maioria das pessoas é negra. Nossa luta é constante, são anos de escravidão que precisam ser reparados e me orgulho de participar de uma gestão que se preocupa com os jovens negros”, destacou.

Gabriela Vallim, coordenadora de Juventude, Carla Zulu, assessora de Políticas para Juventude, e Djamila Ribeiro, secretária-adjunta da SMDHC

Emocionada, Djamila falou sobre a necessidade de celebrar a existência de mulheres negras no poder e saudou os ancestrais e a militância que abriram os caminhos para as conquistas atuais. “É muito importante que cada vez mais mulheres negras estejam nos espaços de poder, precisamos estar em todos os espaços. Estou muito feliz por estar aqui, nós trazemos nosso olhar da militância para a gestão de políticas públicas. Muitos abriram o caminho para eu estar aqui e não posso deixar de saudar meus ancestrais. É Ubuntu – nós somos porque vocês são”, declarou com o pulso erguido.

Para o secretário da SMDHC, Felipe de Paula, é fundamental ter uma gestão com representatividade. “Fico feliz de ter participado desse processo. Não dá para aceitar um governo que não tenha participação de mulheres e negros e esse auditório cheio é a prova disso”, pontuou.

Durante o debate, Djamila e Gabriela discutiram a importância da transversalidade ao tratar de políticas públicas e os desafios do racismo estrutural. “É difícil para nós, mulheres negras, ocuparmos espaços de destaque ao invés dos lugares de subalternidade e exotização que nos foram impostos, como se não pudéssemos ser outras coisas. Precisamos enfrentar olhares de dúvida e incredulidade o tempo todo porque o racismo foi naturalizado. Vou continuar sendo crítica, precisamos de mais mulheres negras nesses espaços, mas precisamos celebrar essa conquista de vir da militância e estar no lugar de quem pode executar.”, declarou Djamila.

O debate se encerrou com o convite para futuros diálogos para a construção conjunta de um projeto político. “A gente precisa de representatividade e só mudamos isso indo para cima, ocupando os espaços e sendo protagonistas das nossas próprias histórias”, convidou Gabriela.

Além dos representantes da SMDHC, a cerimônia contou com a presença do prefeito Fernando Haddad, da vice-prefeita e secretária municipal de Educação, Nádia Campeão, da secretária de Políticas para Mulheres, Denise Dau, do secretário municipal de Promoção a Igualdade Racial, Maurício Pestana, e do ex-senador Eduardo Suplicy.