Programa De Braços Abertos é tema de debate no V Congresso Brasileiro de Saúde Mental

Em dois anos de programa, 88% dos beneficiários afirmam ter reduzido drasticamente o consumo de crack

Foto: Heloísa Ballarini/Secom

O programa De Braços Abertos, ação da Prefeitura de São Paulo para atendimento aos dependentes químicos que se concentram na região da Luz, foi tema de debate na última sexta-feira (27) no V Congresso Brasileiro de Saúde Mental. A ação intersetorial, que une saúde, trabalho, acolhimento e alimentação, foi apresentada pelo prefeito Fernando Haddad, em encontro que discutiu cidadania e política de drogas. 

No evento, Haddad defendeu que um dos diferenciais do programa foi a escuta pelo poder público dos pontos de vista dos dependentes químicos. A própria estruturação das ações foi desenvolvida em parceria com a comunidade do local, entre junho e dezembro de 2013. “O grande mérito do programa é que nós tivemos a atitude de ir lá e conversar com eles sobre a política a ser adotada. Nós tomamos aquelas pessoas como sujeitos, capazes de firmar acordos e entendimentos, e não como párias da sociedade”, afirmou o prefeito.

Com isso, o De Braços Abertos foi baseado no conceito de redução de danos, fazendo com que o dependente químico, com mais dignidade e seus direitos respeitados, deixasse gradativamente o consumo de crack e outras drogas. “Se você amplia o leque de alternativas para as pessoas que estão em situação de vulnerabilidade, a tendência das pessoas é se afastar daquilo que as faz mal. Por isso a redução de consumo aconteceu. A autoestima das pessoas vai se recuperando gradativamente”, defendeu Haddad.

Guilherme de Paiva, ex-secretário nacional de Políticas sobre Drogas e atual chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, acompanhou o evento e ressaltou a importância das políticas desenvolvidas na cidade. "Fico satisfeito em perceber a relevância que as políticas sobre drogas alcançaram na gestão do prefeito Fernando Haddad e em poder contribuir, a partir de agora, com as experiências que trago da Secretaria Nacional", afirmou Paiva.

O resultado é que dois anos após a Prefeitura de São Paulo ter implementado o programa, 88% dos beneficiários da ação afirmam ter reduzido drasticamente o consumo de crack. Os dados fazem parte de uma pesquisa feita por assistentes sociais que atuam junto com os dependentes químicos e mostra ainda que, antes do programa, iniciado em janeiro de 2014, o uso de crack por pessoa era de, em média, 42 pedras por semana, e agora é de 17 pedras, uma queda de 60% entre as pessoas cadastradas. Leia mais.