Spcine lança Edital de Curtas-Metragens

Poderão participar curtas tradicionais, projetos de animação e cinema experimental e imersivo. Diversidade marca também a seleção de realizadores contemplados

A partir de 24 de abril, a empresa de cinema e audiovisual de São Paulo abre inscrições para o edital de produção de curta-metragem, cujo ponto alto é a diversidade de linguagens e de realizadores contemplados. O processo termina em 25 de maio. Pelo menos 30 projetos serão escolhidos. O aporte é de R$ 1,8 milhão.

O programa é dividido em três linhas com enfoques, respectivamente, em técnicas de animação, ficção live action/documentário e curta experimental/cinema imersivo. Os valores são de R$ 80 mil, R$ 60 mil e R$ 40 mil para cada um dos proponentes aprovados conforme a linha do edital. Em cada categoria serão escolhidos, pelo menos, cinco projetos. O tempo de execução varia de quatro a oito meses, dependendo do formato.

“O curta-metragem é um formato histórico na cinematografia brasileira. Mas assim como outros elos da cadeia audiovisual, está em constante mudança e atualização”, aponta Renato Nery, diretor de inovação, criatividade e acesso da Spcine. “O nosso programa de fomento quer acompanhar o desenvolvimento de outras linguagens além da ficção, que, sim, tem espaço aqui. Mas é fundamental dar condições para que outras narrativas, como o audiovisual expandido e o cinema experimental, tenham seu espaço”, completa.

A Spcine reservou ainda outros R$ 100 mil para uma linha de distribuição de curtas-metragens dentro do Circuito Spcine de Cinema, projeto que está transformando 20 espaços educativos e culturais de São Paulo – incluindo 15 CEUs – em salas de cinema. A proposta é exibi-los regularmente antes do filme em cartaz, logo após as vinhetas de abertura. Os curtas escolhidos para esta linha não serão necessariamente os contemplados pelo edital.

Critérios de avaliação
O primeiro item a ser pontuado é a qualidade artística do projeto, com 80% do peso. Mas há algo novo que visa dar equilíbrio social na escolha dos proponentes: a incorporação de critérios para enfrentar a desigualdade dos indicadores sócio-culturais do Brasil – que se refletem na oportunidade de filmar e ter acesso a recursos públicos de financiamento. Um deles é a paridade de gênero, com mulheres e homens integrando, em mesmo número, o corpo de jurados e a quantidade de criadores selecionados ao fim do edital.

Além disso, entre os 30 premiados haverá, necessariamente, pelo menos dez cineastas negros, um(a) índio(a), um homem trans ou mulher transexual e/ou travesti, e uma pessoa com mobilidade reduzida e/ou com deficiência. Terão maior pontuação projetos cujos autores morem em lugares de maior vulnerabilidade social. A única condição é residir na cidade de São Paulo.

“A Spcine sabe a importância de novas narrativas nas produções audiovisuais. Mas isto só acontece quando diversificamos o olhar e damos espaço para uma gama diversificada de realizadores”, afirma Malu Andrade, coordenadora de inovação da empresa paulista. De acordo com ela, há pesquisas realizadas pela Ancine e Instituto Geena Davis que comprovam que nossa produção é majoritariamente branca, cisgênera e masculina.

“A periferia, por exemplo, que não acessa os meios de produção tradicionais, tem uma produção pungente mas invisível ao público. Nosso papel com o edital é equalizar as diferenças e trazer estes públicos pra perto das políticas públicas audiovisuais”, conclui.

Inscrição
O processo do edital conta com duas fases. A primeira é direcionada ao criador, que pode se inscrever como pessoa física. Basta encaminhar o projeto em forma de vídeo, com duração máxima de três minutos, e responder questões como tema, em qual linha se enquadra, qual a condução narrativa e se faz parte de algum dos públicos do edital.

Clique aqui para acessar o regulamento. O formulário de inscrição está disponível na plataforma SPCULTURA.

Depois de escolhidos, os realizadores precisam se associar a uma empresa produtora para participar da segunda fase do edital. Quem tiver registro de MEI (Microempreendedor Individual) também pode receber o recurso, desde que o foco da empresa seja cultural.

Processo de seleção
Na primeira etapa, o corpo de jurados avalia potencial criativo, inovação, experimentação e territorialidade. 70 projetos são pré-selecionados e participam, automaticamente, de atividades de formação e suporte aos realizadores. É feita uma escolha final do júri, e os 30 premiados recebem o aporte financeiro e o direito a participar do Laboratório de Convergência – COLAB – para Debate Criativo.

O programa de fomento é fruto de um intenso processo de diálogo com entidades representativas do setor, com destaque para a Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas de São Paulo (ABD-SP), Associação Brasileira de Cinema de Animação (ABCA) e Era Transmídia.

Movimentos como Mulheres do Audiovisual, Cineastas Negros, Programa Aldeias – da Secretaria Municipal de Cultura – e Coletivos de Periferia também participaram da formulação do programa. “As entidades tiveram um papel fundamental na criação de um ambiente criativo diverso”, afirma Nery.
O edital é uma realização da Spcine, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura (SMC), e apoio das secretarias municipais de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) e Promoção da Igualdade Racial (SMPIR).