Luiza Erundina é premiada em São Paulo por sua luta pelos direitos humanos

Cerimônia lembrou a trajetória da ex-prefeita de São Paulo na democratização da educação e do direito à moradia

 

O movimento pela democratização da educação e alfabetização de jovens e adultos realizado em parceria com Paulo Freire, as conquistas da habitação de interesse social por meio dos mutirões autogeridos e a forma corajosa como enfrentou os tabus da ditadura e abriu a Vala de Perus, iniciando a identificação dos desaparecidos enterrados clandestinamente, são apenas alguns dos motivos pelos quais Luiza Erundina de Souza, a primeira mulher eleita à Prefeitura do Município de São Paulo (gestão 1989-1992), foi homenageada pela 2ª edição do Prêmio de Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns.

A premiação aconteceu nesta quinta-feira, no Auditório Ibirapuera, na data em que se comemora o Dia Internacional dos Direitos Humanos (10 de dezembro). “Erundina não foi só a primeira mulher e nordestina eleita à prefeita de São Paulo, ela se dedicou à construção da justiça, das liberdades democráticas, com iniciativas formidáveis na área da educação, como a alfabetização de adultos e, na área da habitação, com a fomentação de mutirões, tendo lutado por uma sociedade mais justa e fraterna”, disse Eduardo Suplicy, secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania. "Obrigada por ter sido desde sempre a esperança para nós todos de um país justo e que cuida de todas as pessoas", completou Suplicy.

"Essa homenagem me comove. É uma honra receber um prêmio que leva o nome desse pastor iluminado que é Dom Paulo Evaristo Arns", agradeceu Luiza Erundina. Nascida em Uirauna, na Paraíba, ela assume, atualmente, o cargo de deputada federal. “A premiação é uma oportunidade para expressar minha enorme gratidão a São Paulo, pelo muito que essa cidade tem feito por mim, com meus irmãos e irmãs nordestinos, pelos migrantes do mundo inteiro, que correm para cá em busca de sobrevivência, de trabalho, realização profissional, enfim, em busca da felicidade”, disse a ex-prefeita. “Me tornei paulista no Nordeste e nordestina em São Paulo", falou emocionada, ao receber o prêmio das mãos do prefeito Fernando Haddad.

 

“Nós, no Brasil, muitas vezes somos educados pelos nossos pais, ouvindo amigos e familiares dizerem que os políticos do país não prestam. Sabemos que isso não é bem assim e não é bem assim por uma única razão, que é pela existência de pessoas como Luiza Erundina. Ela dignifica a vida pública, dignifica a luta política, dignifica virtudes e valores que aprendemos desde cedo em casa”, afirmou Haddad. "Celebramos hoje uma personalidade brilhante e fonte permanente de inspiração", concluiu o prefeito.

Em sua primeira edição, em 2014, o Prêmio de Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns homenageou Frei Betto. Este ano a escolha de Luiza Erundina foi definida por uma comissão formada por Maria Victoria Benevides, Maurício Piragino, Moacir Gadotti, Vera Masagão, Margarida Genevois, Flávia Inês Schilling, Marco Antonio Barbosa, José Sergio Fonseca Carvalho e Emerson de Oliveira Souza.

“Não só a cidade de São Paulo tem que agradecer a Luiza Erundina. O Brasil tem que agradecer. Como secretária de Políticas para as Mulheres do Governo Federal, posso dizer que todas as mulheres do Brasil tem orgulho de ter você como a grande mulher que é. Com cargo ou sem cargo, você é eleita pelo fato só de ser você, o que já é muito”, disse a secretária de Políticas para as Mulheres do Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Eleonora Menicucci.

Também participaram do evento os secretários municipais Benedito Mariano (Segurança Urbana), Vicente Trevas (Relações Internacionais) e Denise Motta Dau (Política para Mulheres).

Na ocasião aconteceo a entrega do 3º Prêmio Municipal de Educação em Direitos Humanos, que valoriza projetos realizados nas escolas municipais [leia mais].