Tom Zé e artistas da nova geração se apresentam no CCSP para lembrar os 50 anos do golpe de 1964

Shows aconteceram no fim de semana, por meio de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Cultura (SMC) e a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC)

Mais dois shows ocuparam os palcos do Centro Cultural São Paulo (CCSP), na Vergueiro, durante o fim de semana, como parte da programação 'O imaginário dos 50 anos do golpe', realizados por meio de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Cultura (SMC) e a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC).

Veja como foi o show-tributo a Sérgio Sampaio

No sábado, dia 12, Tom Zé fez uma apresentação especial tematizando o cinquentenário do golpe de Estado de 1964, 30 anos após o show 'Indiretas after', inspirado na Campanha pelas Diretas. O repertório contou com músicas ligadas a esse contexto, a maior parte delas do polêmico disco 'Todos os olhos', de 1973.

O músico falou sobre a censura que atingia a produção musical da época, contando que as gravadoras produziam os discos, os artistas eram censurados e elas acabavam no prejuízo. Assim, os músicos passaram a se apresentar para os censores antes das gravações; se as músicas fossem aprovadas, o disco era gravado. Tom Zé revelou que esses shows "particulares", tão temidos, eram chamados de "tardes de cafézinho com a censura" pelos artistas.

No domingo, dia 13, cantores da nova geração se misturaram a Odair José e Juçara Marçal, com o objetivo de atualizar o contexto da canção de protesto, além de relembrar músicas que se tornaram hinos da resistência contra o regime civil-militar.

Juçara Marçal começou com 'Todos os olhos', de Tom Zé, e, depois, vendada, cantou 'Opinião', que ficou famosa na voz de Nara Leão. Enquanto ela cantava, Thiago França batia com muletas em um carrinho de supermercado, simulando um espancamento. Durante todo o show, o grupo TANQ_ rosa CHOQ realizou performances pelo palco e junto à plateia. Juçara ainda interpretou 'Nego drama', dos Racionais MC's, fazendo a ponte dos agentes torturadores da ditadura com a violência policial de hoje, que afeta principalmente jovens negros e pobres das periferias.O rapper Ogi foi outro a abordar a violência do Estado em suas canções.

Logo depois, entrou em cena Odair José, falando da censura que sofreu nos anos 1970. O músico cantou 'Cadê você?' para lembrar aqueles que desapareceram durante a ditadura. Os músicos Kiko Dinucci, Rodrigo Campos e Curumin também fizeram parte do show, com direção Romulo Fróes.

O evento acabou com a famosa 'Eu quero é botar meu bloco na rua', de Sérgio Sampaio, em clima de festa. Os músicos convidaram o público a subir no palco e o grupo TANQ_ rosa CHOQ jogou confetes e serpentina pelo local.