Após um ano de sua morte, Inês Etienne Romeu é homenageada em São Paulo

Única sobrevivente da casa da morte de Petrópolis, Inês dará nome a uma das salas de pesquisa do Arquivo Histórico de São Paulo

 “Eu sobrevivi à Casa da Morte. Eu sobrevivi”. A leitura emocionada da atriz Dulce Muniz chama a atenção para a trajetória de força e coragem de Inês Etienne Romeu. Única sobrevivente da Casa da Morte de Petrópolis, centro de extermínio clandestino que executou diversos presos políticos durante a ditadura militar, Inês insistiu em viver. Ela sobreviveu às torturas do DOI-CODI, aos estupros sofridos na Casa da Morte e a quatro tentativas de suicídio, para contar ao país os horrores vividos por quem ousou resistir aos 21 anos de ditadura civil-militar.

Nesta quarta-feira (27), no aniversário de um ano de seu falecimento, a cerimônia realizada pela Comissão da Memória e Verdade (CMV) da Prefeitura no Arquivo Histórico de São Paulo recebeu amigos e parentes de Inês, ex-presos políticos, representantes da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos e do poder público municipal.

O secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Felipe de Paula, participou da cerimônia e lamentou a recente menção ao torturador Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra feita dentro da Câmara dos Deputados. “Essa cena mostrou com muita força o quanto ainda temos que avançar. E é pela luta de todos vocês, muitos dos que estão aqui lutam há mais de 30 anos em defesa de nossa democracia e de nossa história, que a gente não pode dar nenhum passo atrás", disse.

O nome e a luta de Inês ficarão gravados em uma placa que será anexada a uma das salas de pesquisas do Arquivo, que contém documentos a respeito dos processos abertos durante a ditadura. Para o secretário Felipe de Paula, ocupar os espaços públicos com a trajetória dos resistentes "é uma forma de "fazer a cidade contar a sua própria história". Audálio Dantas, membro da CMV, ressaltou que, neste momento de crise política, a homenagem à Inês tem um significado ainda mais forte. “É preciso que estejamos atentos a esta nova crise, e o registro que fazemos agora é um reflexo disso. Estamos homenageando uma pessoa que lutou com resistência a uma ditadura militar que durou cerca de 21 anos”, afirmou.


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O Coral Paulistano Mário de Andrade também fez parte da cerimônia com as músicas "Você vai me seguir", de Chico Buarque e "Suíte do pescador", de Dorival Caymmi

A atriz e amiga de Inês, Dulce Muniz, lê emocionada a biografia da homenageada

O secretário da SMDHC, Felipe de Paula, homenageia Inês