Série "Rua!", dirigida por Tata Amaral, será exibida no Cine Direitos Humanos

São 13 episódios que mostram iniciativas culturais e artísticas que transformam a relação dos cidadãos com a cidade de São Paulo

 O Cine Direitos Humanos se debruça desta vez sobre a cidade de São Paulo e as intervenções culturais e artísticas que visam impactar o espaço público paulistano de maneira positiva.

Dirigida pela premiada cineasta Tata Amaral, a série “Rua!” é composta por 13 documentários de curta duração e será exibida no sábado (23/1), às 11h, no Espaço Itaú de Cinema – Frei e na quarta-feira (27/1), às 19h, no Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes. Os ingressos são gratuitos e começam a ser distribuídos uma hora antes das sessões.

Tata Amaral discursa durante lançamento da série "Rua!" na Cinemateca Brasileira em 2014

A série aborda questões da urbanização, lazer, memória, direito à cidade e diversas formas de ocupação do espaço público. Iniciativas que tentam reconstruir laços emocionais entre a metrópole e seus habitantes e revelam novos sentidos de pensar e criar o espaço urbano.

“Rua!” tem os seguintes episódios (com duração média de 10 minutos cada):

6emeia
A dupla de artistas utiliza como suporte em suas intervenções artísticas o mobiliário urbano: bueiros, tampas de esgoto, caixas de controle do DSV. O nome “6emeia” é uma alusão ao horário em que ambos os ponteiros do relógio apontam para baixo, para onde os artistas direcionam o olhar das pessoas.

Ateliê Azu
No coração da favela de Santa Inês, em Ermelino Matarazzo (zona leste de São Paulo), o artista plástico Elcio Torres instala o Ateliê Azu, voltado ao ensino da técnica artesanal do azulejo. A iniciativa também instala os azulejos nas vias públicas da comunidade, mudando a textura das ruas, vielas e escadarias, criando praças e nomeando vias, modificando o espaço público e recriando os sentidos das ruas.

Carro Planta
Se a cidade de São Paulo tem aproximadamente sete milhões de automóveis particulares em circulação e seu modelo viário deixa pouco espaço para o convívio entre as pessoas, o Carro Verde, intervenção do Grupo BijaRI, revitaliza o espaço urbano quando transforma um carro abandonado em praça.

Esquadrão das Drags
O trabalho lúdico e provocativo de conscientização e prevenção realizado junto a jovens por quatro drag queens que se montam e atuam como um esquadrão do bem, em especial aos domingos no Largo do Arouche, espaço tradicional da cena LGBT da cidade.

Feira da Rua Coimbra
A comunidade boliviana representa um dos maiores grupos de imigrantes da cidade de São Paulo e há mais de 20 anos organiza a Feira Boliviana da Rua Coimbra, no bairro do Brás, que até hoje não foi legalizada. A iniciativa traz um pedaço da Bolívia para a comunidade: além das comidas e bebidas tradicionais, é um ponto de encontro importante.

Grupo XIX de Teatro
A trupe teatral encena sua peça “Estrada do Sul”, na Vila Maria Zélia – a primeira vila operária do Brasil, localizada no bairro do Belenzinho – e aborda a questão da mobilidade urbana, pauta que está na ordem do dia das discussões sobre as cidades modernas.

Horta comunitária da Vila Pompéia
Um pequeno terreno, onde existia apenas mato e lixo, e agora dá flores, temperos, verduras, “geladoteca”, arte urbana, mobiliário e pessoas. A Horta Comunitária da Vila Pompéia tornou-se um espaço de convívio auto-gestionado e sua iniciativa quebra o paradigma da cidade grande, na qual todos estão fechados dentro de seus muros privados, e ressignifica o trabalho compartilhado e a vida comunitária.

Ilú Obá de Min
O bloco de carnaval composto por mulheres e liderado por Beth Beli resgata as tradições iorubás da cultura africana. Com composições próprias, 130 mulheres na bateria e dançarinas representando os principais Orixás desfilam pelo centro da cidade, abrindo o carnaval paulistano e reunindo milhares de pessoas pelas ruas.

Imargem
O coletivo de artistas Imargem atua a partir das margens da represa Billings, na zona sul da cidade, e realiza grafites e esculturas com resíduos e objetos encontrados pelo caminho. São intervenções que provocam o olhar da população e do poder público para Ver a Cidade.

Largo da Batata
O episódio documenta duas ações. A primeira é do grupo "Boa Praça", encabeçado por Raimundo Nóbrega que cria confortáveis bancos de madeira para espaços públicos da cidade. Instalados próximos ao ponto de ônibus do Largo da Batata, eles foram imediatamente apropriados pelos cidadãos. A outra ação é do movimento "Não Largue A Batata". Semanalmente, eles convocam grupos e ativistas e realizam ocupações artísticas, sociais e de lazer no Largo, reconstruindo o imaginário das pessoas e da enorme praça com ares atuais um tanto desérticos.

Microrroteiros
Laura Guimarães ouve histórias e condensa-as em microrroteiros de 140 caracteres. Depois de impressos em cartazes coloridos, ela espalha as histórias pelo centro da cidade de São Paulo. Encontrar um deles é um convite à imaginação, uma experiência de interpretação e a possibilidade de ressignificar o espaço público e o cotidiano.

TANQ_RosaChoq_
Paulinho in Fluxus é um dos artistas e ativistas por trás desse “tanque” – um carrinho de supermercado com um aparato de canhões de plástico em cor-de-rosa – uma arma estética adotada nas manifestações de rua de São Paulo, um dispositivo frágil e viril em rosa choque que transita pela cidade, uma intervenção poética e política.

Vagas para carroças
São Paulo produz 18 mil toneladas de lixo por dia e apenas 2% deste lixo é reciclado, sendo os catadores responsáveis por 90% da coleta do material reciclável. Estima-se que 20 mil catadores de material reciclável atuem na cidade. Uma iniciativa no bairro de Vila Mariana cria a primeira vaga para carroças da cidade e aqui podemos compreender um pouco do contexto e do cotidiano dos catadores.

Sábado, 23/1, às 11h, no Espaço Itaú de Cinema - Frei Caneca – gratuito

Quarta-feira, 27/1, às 19h, no Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes - gratuito