Pessoas em situação de rua são contratadas para realizar Pesquisa Social Participativa

Objetivo é subsidiar a construção do Plano Municipal da População de Rua

Dez pessoas em situação de rua estão atuando como pesquisadores sociais na capital paulista para a realização de uma Pesquisa Social Participativa. Toda semana, o grupo se desloca pelas regiões da cidade e entrevista a população de rua, com o objetivo de saber as suas necessidades e reivindicações.

Iniciativa da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, a pesquisa é uma demanda do Comitê Intersetorial da Política Municipal da População em Situação de Rua, espaço de participação social, formado por membros do governo e da sociedade civil, responsável por elaborar o Plano Municipal de Políticas da População em Situação de Rua. Para a construção do ‘Plano’, segundo o Comitê, é preciso ter um diagnóstico que visa conhecer e explorar os meandros da vida nas ruas e ser feito por quem está nessa situação.

A expectativa é que o levantamento reúna um conjunto de informações sobre a oferta de serviços de atenção à população em situação de rua, sob a perspectiva dos próprios sujeitos que os utilizam. Assim, a pesquisa irá privilegiar os aspectos apresentados por usuários, trabalhadores e gestores, valorizando sugestões, avaliações e críticas.

Escolha dos pesquisadores

A seleção da equipe de pesquisadores foi feita pela própria população em situação de rua, por meio de encontros semanais realizados para discutir a pesquisa. Em seguida, os selecionados tiveram oficinas com psicólogos e jornalistas que apontaram técnicas de abordagens e entrevistas. Esse trabalho foi feito pela SUR Soluções Sociais, empresa responsável pela condução da pesquisa e contratação da equipe, que foi selecionada por meio de edital de chamamento público.

Darci Costa, um dos pesquisadores contratados, diz ser de grande responsabilidade compor o grupo. “Acho muito significativa a realização da pesquisa por existir um trabalho conjunto entre os membros do Comitê e os pesquisadores contratados que possuem trajetória de rua. Temos a oportunidade e a responsabilidade de construir um diagnóstico que irá apontar alternativas ao povo de rua”, comentou Costa.

Para Luana Bottini, da Coordenação de Políticas da População em Situação de Rua, esta iniciativa é essencial para chegar a uma efetiva compreensão das vivências dessa população. “Tendo a própria população em situação de rua como pesquisadora, iremos melhorar o diálogo com ela, de forma que nos aponte caminhos de aperfeiçoamento na política municipal e que fomente o protagonismo dessas pessoas”, disse.

As primeiras pesquisas já foram iniciadas na região central da cidade e nas próximas semanas se expandirá por outros locais. O resultado final está previsto para o primeiro semestre de 2016.