Prefeitura de São Paulo promove cidadania nas ruas da Kantuta

Tradicional feira boliviana é o mais novo território a integrar as ações do Plano de Ocupação do Espaço Público pela Cidadania

Todos os domingos, das 11h às 19h, a Praça Kantuta recebe dezenas de barracas e cerca de 2 mil visitantes à procura da feira organizada pela comunidade boliviana, na região do Pari. A feira, que começou em 2001, na Praça Padre Bento, acontece na Kantuta desde 2002, entre as ruas Pedro Vicente, Carnot e das Olarias.

Nas últimas semanas, novas intervenções somam-se à movimentação já conhecida, ressignificando o espaço e recriando as possibilidades de relação entre os habitantes deste pequeno universo boliviano em São Paulo. As ações, que envolvem oficinas de arte, pintura dos muros, construção de mobiliário e rodas de conversa, fazem parte do projeto Cidadania nas Ruas da Kantuta – Casa Latina, iniciado no dia 14 de junho.

Esta é a terceira experiência de ressignificação urbana do Plano de Ocupação do Espaço Público pela Cidadania, lançado em janeiro de 2014 pela Coordenação de Promoção do Direito à Cidade da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC). Antes de chegar à Kantuta, o Plano foi implementado na Luz, no território do Programa De Braços Abertos, por meio do projeto “Cidadania nas Ruas da Luz – Casa Rodante”, realizado em parceria com o coletivo casadalapa. E no Largo do Arouche, em uma experiência de seis meses, desenvolvida pelo grupo Futura Media, a partir do projeto Wikipraça.

Na Kantuta - Aos domingos, cores fortes e as tradicionais canções bolivianas embaladas pelas flautas de pã preenchem as ruas do Pari. Ponto de encontro dos bolivianos que vivem em São Paulo, a feira abriga barracas de comidas típicas, ingredientes da culinária andina, artesanatos e instrumentos musicais da Bolívia. Mas as que mais aglomeram visitantes são as barraquinhas de DVD, que exibem programas de TV bolivianos. Não menos disputadas, as peluquerias completam o cenário da feira. Com serviços de cabeleireiro a céu aberto, as tendas reúnem filas de interessados.

Das duas mil pessoas que visitam a Kantuta a cada domingo, cerca de 90% são bolivianos, entre nativos e descendentes. O lugar já começou a receber intervenções artísticas e urbanas do projeto apelidado como “Casa Latina”. Quem organiza as ações por ali é o artista Fernando Sato, integrante da rede Jornalistas Livres. Todas as atividades são desenvolvidas em diálogo com a comunidade local e em conjunto com artistas convidados e gestores da SMDHC.

Segundo Sato, o Casa Latina chega à Praça Kantuta “para evidenciar costumes, tradições e histórias de imigrantes na cidade de São Paulo, estabelecer um vínculo com a população do entorno da praça, fomentar a relação dos vizinhos da Kantuta com a população que frequenta a feira e, assim, promover a cidadania nas ruas”.

Casa Latina – Todo domingo, de junho a dezembro, uma barraca do projeto Casa Latina estará na feira, onde serão realizadas oficinas artísticas e rodas de conversa. Durante a semana, um ateliê móvel será instalado em uma calçada na vizinhança da praça, dando suporte às intervenções urbanas e criativas que tomarão forma com a participação dos moradores: pintura nos muros, lambe-lambe e construção de mobiliário, são algumas das atividades previstas.

“As ações ainda estão em processo de estruturação e os dias de atividades serão definidos segundo a dinâmica local”, diz Marília Jahnel, coordenadora de Promoção do Direito à Cidade da SMDHC. No próximo dia 5, será iniciada uma roda de conversa só com as mulheres. Como elas costumam ser mais reservadas, os organizadores buscaram um formato diferente, descontraído, para estimular o bate-papo. “Decidimos aliar a roda de conversa com a oficina de bordado”, conta Sato.

O projeto Cidadania nas Ruas da Kantuta – Casa Latina é uma iniciativa da Coordenação de Promoção do Direito à Cidade da SMDHC, realizado em parceria com a Coordenação de Políticas para Migrantes.


Casa Latina
Aos domingos, das 11h às 19h
Praça Kantuta
(Próximo à estação Armênia do Metrô)