Diálogo com imigrantes evidencia avanços e desafios das políticas públicas para comunidades estrangeiras

Curso de português, documentação e acesso ao mercado de trabalho foram as principais demandas apresentadas

 

Cerca de 250 pessoas de mais de 20 nacionalidades lotaram a Sala Olido, na noite de ontem (6),  para participar do encontro Direitos Humanos e Migrações: diálogo sobre as políticas municipais para migrantes. Conduzido pela Coordenação de Políticas para Migrantes da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), o diálogo teve como objetivo apresentar um balanço das ações realizadas nos dois primeiros anos da gestão e ouvir diretamente dos imigrantes suas histórias, necessidades e anseios.

“Partimos do pressuposto de que não faremos políticas públicas eficazes sem a participação social”, disse, logo no início do encontro, Rogério Sottili, secretário-adjunto da SMDHC. Sottili pontuou como destaques da política para migrantes do governo Fernando Haddad até aqui, a bancarização dos imigrantes na Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, a inauguração do Centro de Referência e Acolhida para Imigrantes (CRAI), a regularização da feira da Rua Coimbra e a eleição de imigrantes para o Conselho Participativo da Cidade. “Começamos a fazer um trabalho para que São Paulo veja o imigrante com a importância que ele merece. São Paulo é uma cidade feita por imigrantes mas, contraditoriamente, o imigrante hoje não é valorizado, é invisível”, ponderou Sottili.

Eduardo Suplicy e Rogério Sottili

O secretário Eduardo Suplicy relembrou que a grande maioria do povo brasileiro é constituída de descendentes de imigrantes e afirmou ser importante a implementação de ações que possam compartilhar a “riqueza da nação”, especialmente com quem chega do Brasil vindo de todas as partes do mundo. “Tenho o sonho de que um dia possamos ter, em todas as três Américas, o direito de participar da riqueza das nações e que tenhamos, não só a liberdade de movimento dos capitais, mas principalmente a liberdade de movimento do ser humano.”

Rogério Sottili e Paulo Illes

O coordenador de Políticas para Migrantes, Paulo Illes, enfatizou os desafios prioritários para este ano e para 2016. Segundo o coordenador, uma das metas é a instituição do Comitê Municipal de Imigrantes, com o objetivo de elaborar a política municipal de imigrantes. Pela proposta, o comitê será integrado por representantes do governo municipal e entidades da sociedade civil.

Paulo Illes destacou ainda a importância de fortalecer o CRAI, realizando oficinas de inserção social, cultural e econômica, e a expansão e consolidação dos cursos de português por meio do Pronatec ou outros meios. “A questão da língua é muito importante para se inserir na sociedade e no mercado de trabalho. É uma das principais demandas apresentadas pelos imigrantes.”

Além do aprendizado do idioma local, os imigrantes presentes na Galeria Olido manifestaram, entre suas principais dificuldades, as questões que envolvem o processo de regularização e obtenção de documentos no Brasil e o acesso ao mercado de trabalho, muitas vezes inviabilizado justamente pela falta de documentação.

Este é o terceiro diálogo promovido pela Coordenação de Políticas para Migrantes da SMDHC. O evento faz parte de uma estratégia da atual gestão de fortalecer os canais de participação social para a construção de políticas públicas em direitos humanos.

 

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