Ato ‘Somos todos Charlie’ faz homenagem às vítimas de atentado em Paris

Com apoio da Prefeitura de São Paulo, manifesto realizado na Praça das Artes reuniu cartunistas que fizeram ilustrações em referência ao atentado contra a revista “Charlie Hebdo”

Cartunistas participaram neste sábado (10), na Praça das Artes, região central, do ato “Somos Todos Charlie” em homenagem às vítimas do atentado à revista “Charlie Hebdo” que matou 12 pessoas em Paris no último dia 7. A manifestação foi uma iniciativa do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo e da Associação dos Quadrinistas e Caricaturistas, com apoio da Prefeitura de São Paulo, por meio das secretarias de Cultura e de Direitos Humanos e Cidadania.

O secretário Rogério Sottili (Direitos Humanos e Cidadania) disse que a ideia foi realizar um ato simbólico para que a tragédia que aconteceu em Paris não “passasse em branco” em São Paulo. “O que nós estamos fazendo agora em homenagem à França e às pessoas que morreram também é um convite à reflexão contra qualquer tipo de violência, seja ela contra a liberdade de expressão, contra a vida ou contra os imigrantes que vivem lá [na França]”, afirmou.

Durante o ato, cartunistas fizeram ilustrações em referência ao atentado. Em um dos desenhos, o artista Líbero Malavoglia mostrou os cartunistas mortos sendo recebidos por Alá no céu e desejando a paz. “É paradoxal [o desenho]. Mas a coisa mais paradoxal que pode acontecer é alguém ir lá e matar [em nome de Deus]”, disse.

Para o cartunista Laerte Coutinho, que  também esteve presente, o ato na Praça das Artes foi só o começo das manifestações em São Paulo em favor da liberdade de expressão. “O que se espera é que esse ato seja um momento de celebração das ideias e de que a guerra e o irracionalismo não devem ter vez e não levam a bons resultados”, disse.

Segundo o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, José Augusto Camargo, o Guto, o atentado em Paris foi emblemático porque foi uma ação violenta contra a liberdade de imprensa, de opinião e do papel do jornalista. “O que foi atacado foram esses fundamentos. Por isso nos sentimos na obrigação de fazer a homenagem mas também um protesto”, afirmou.

O cartunista Fausto Bergocce lembrou que a cidade de São Paulo não poderia estar ausente das homenagens aos mortos no atentado. “Como cartunista, fiquei muito consternado de perder colegas que são meus ídolos”, afirmou Fausto, que disse ter tido influência do cartunista Georges Wolinski, uma das vítimas.

Fotos: Fernando Pereira/Secom