Sérgio Sampaio é homenageado em show no Centro Cultural São Paulo

Cantor capixaba fez sucesso na década de 1970 com a canção 'Eu quero é botar meu bloco na rua', um grito de liberdade em meio à ditadura que dominou o Brasil por mais de 20 anos

Três jovens compositores subiram ao palco do Centro Cultural São Paulo (CCSP) na noite de quinta-feira, dia 10, para homenagear Sérgio Sampaio, autor da canção 'Eu quero é botar meu bloco na rua', um grito de liberdade em meio à ditadura que dominou o Brasil por mais de 20 anos. A apresentação foi realizada por meio de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Cultura (SMC) e a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC).

Desde o dia 1º de abril, o CCSP oferece uma programação especial que convida a refletir sobre o imaginário construído na sociedade brasileira a partir do golpe de 1964, que completa 50 anos, e o regime que se seguiu, além dos resquícios daquele período nos dias de hoje.

Veja a programação de atividades realizadas e apoiadas pela SMDHC e ações da sociedade civil para o marco do cinquentenário do golpe

No show, Gustavo Galo, Juliano Gauche e Tatá Aeroplano tocaram, faixa a faixa, o disco que consagrou o capixaba Sérgio Sampaio, homônimo da canção 'Eu quero é botar meu bloco na rua', de 1973. Também tocaram uma canção de Sérgio em homenagem ao poeta Torquato Neto, morto em 1972, chamada 'Falando em loucura'.

Ao apresentar o lado B do disco, Gustavo Galo cantou 'Dona Maria de Lourdes' e afirmou que aquela era uma homenagem a todas as mães do Brasil, da época da ditadura e de hoje, mães de Cláudias, Amarildos e de todas as pessoas que continuam sendo mortas e desaparecendo pelas mãos do Estado. "Essa música não é de 1972, é também de 2014", disse.

Artista 'maldido'

Em 1972, Raul Seixas, que viria a ser o produtor do disco 'Eu quero é botar...', levou Sérgio Sampaio à gravadora Philips, propondo inscrever composições dele, com a ajuda da gravadora, no Festival Internacional da Canção. A música que dá nome ao disco foi inscrita, classificada e chegou à final, mas a vencedora daquele ano foi 'Fio Maravilha', de Jorge Ben Jor.

Apesar de ter ficado sem prêmio, a gravadora lançou um compacto de Sérgio Sampaio que logo fez muito sucesso, puxado pela canção 'Eu quero é botar meu bloco na rua', vendendo mais de 500 mil cópias. Logo depois, em 1973, foi gravado o LP, mas, diferentemente do compacto, o disco não fez sucesso. O cantor gravou apenas outros dois discos, sumiu da mídia nos anos 1980 e morreu em 1994, aos 47 anos. Até hoje, Sérgio Sampaio é considerado um artista "maldito".

Conheça as faixas do LP:

1. 'Leros, leros e boleros'
2. 'Filme de terror'
3. 'Cala a boca Zebedeu' (Raul Sampaio)
4. 'Pobre meu pai'
5. 'Labirintos negros'
6. 'Eu sou aquele que disse'
7. 'Viajei de trem' (participação de Raul Seixas)
8. 'Não tenha medo, não!'
9. 'Dona Maria de Lourdes'
10. 'Odete'
11. 'Eu quero é botar meu bloco na rua'
12. 'Raulzito Seixas'