25 de julho: Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha

A data é um marco internacional da luta e resistência da mulher negra contra a opressão de gênero, o racismo e a exploração de classe

Ao analisarmos a temática da mulher negra, pesquisas realizadas nos últimos anos demonstram a gravidade da situação enfrentada: a mulher negra apresenta o menor nível de escolaridade, trabalha mais, porém com rendimento mínimo, em condições precárias e de informalidade; e as poucas que conseguem romper as barreiras do preconceito e da discriminação racial e ascender socialmente necessitam se empenhar mais e abdicar de outros aspectos de suas vidas, como lazer, relacionamento, maternidade.

Esta realidade, que manifesta resquícios do período de escravidão, tem sido transformada através da luta e da organização das mulheres negras na América Latina e no Caribe. Apesar de ainda em desvantagem, mais mulheres e, mais mulheres negras estão se inserindo na universidade e no mercado de trabalho, estão conquistando espaços importantes na economia, na sociedade, na política. Essas mulheres estão lutando para transformar a realidade, superar as desigualdades e construir uma nova cultura na sociedade, de combate à opressão de gênero e ao racismo.

É visível o avanço no processo de empoderamento da mulher na sociedade latinoamericana e caribenha. Demonstração disto é a ascensão das mulheres ao posto mais alto do país: atualmente contamos com três presidentas, Dilma Rousseff (Brasil), Cristina Kirchner (Argentina) e Laura Chinchilla (Costa Rica), eleitas e reconhecidas pelo seu projeto político e pelos destinos para os quais conduziram seus países. Essa conquista, contudo, demonstra a necessidade de, também, priorizar-se a questão racial no enfrentamento à opressão de gênero.

O Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, comemorado em 25 de julho, é mais do que uma data comemorativa; é um marco internacional da luta e resistência da mulher negra contra a opressão de gênero, o racismo e a exploração de classe. Foi instituído, em 1992, no I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-caribenhas, para dar visibilidade e reconhecimento a presença e a luta das mulheres negras nesse continente.

A recém criada Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres de São Paulo tem também, por isso, como missão promover ações que fortaleçam as políticas públicas de empoderamento das mulheres negras, de conquista de cidadania e de combate a violência e a discriminação.

Nesse sentido, está sendo constituída parceria entre a Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres (SMPM) e a Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial (SMPIR), com o objetivo de desenvolver projetos no âmbito do trabalho e da geração de renda, que consigam contribuir para a redução da exclusão enfrentada pelas mulheres negras.

Este dia nos coloca a importância de fortalecer laços com a América Latina e Caribe, de reconstruir estas relações com as cidades latinas, por uma rede de solidariedade e constituição de acordos e políticas internacionais. A cidade de São Paulo vem trabalhando nesse sentido, e a SMPM entende o seu papel fundamental nesse processo e atua no sentido de contribuir para este debate.

Denise Motta Dau é Secretária Municipal de Políticas para as Mulheres de São Paulo.

(Publicado em Julho/2013)