Caminhada de Mulheres Lésbicas e Bissexuais diz não à cultura do estupro

Manifestantes homenagearam Luana Barbosa dos Reis, mãe, negra, lésbica e periférica, vítima da violência de Estado

A 14ª edição da caminhada saiu às ruas no último sábado (28) para dizer não à cultura do estupro e denunciar toda forma de violência contra a mulher, sobretudo aquela que atinge as mulheres lésbicas, bi e transexuais. O ato teve início às 14h, no Largo do Paissandú e foi encerrado com apresentações artísticas no Largo do Arouche.

A secretária-adjunta Djamila Ribeiro participa da caminhada

A secretária-adjunta de Direitos Humanos e Cidadania do município de São Paulo, Djamila Ribeiro, participou da caminhada e falou da urgência de uma discussão séria para desconstruir o machismo e a cultura do estupro. "Precisamos de uma discussão madura sobre o estupro. A violência contra a mulher é muitas vezes banalizada e a cultura do estupro não é vista com a seriedade que deveria ter", afirmou em referência aos casos de estupro coletivo denunciados na última semana. "A mulher tem direito a usar o espaço público sem ser incomodada. Seu corpo não pode ser constantemente objetificado e constantemente comentado. É preciso educação", completou.

O ato lembrou o assassinato de Luana Barbosa dos Reis. Mãe, negra, lésbica e moradora da periferia, ela faleceu após ser espancada por três policiais militares, na cidade de Ribeirão Preto. Familiares de Luana participaram da caminhada e denunciaram a tentativa de barrar as investigações do caso pela Justiça comum.

Ativistas e familiares relembram a morte violenta de Luana Barbosa dos Reis

“Luana morreu por complicações decorrentes da violência cometida pelos policiais. Eles são funcionários do Estado, pagos com o dinheiro da população. Se cometem um crime, devem ser julgados pela Justiça Comum como qualquer outro cidadão”, declarou Roseli Barbosa dos Reis, irmã de Luana.

A caminhada acontece todos os anos um dia antes da Parada do Orgulho LGBT, para dar visibilidade ao preconceito vivido pelas mulheres lésbicas e bissexuais. O tema deste ano destacou a resistência das mulheres moradoras das periferias e a importância da discussão de gênero nas escolas.

Luiza Coppieters, professora de filosofia, lésbica e transexual, também participou da 14ª Caminhada e reforçou a importância de avançarmos o debate na Educação. "A proibição [nas escolas] não é nem de discutir gênero mais, é de discutir temas políticos. A gente está vivendo um período crucial na disputa de linha educacional e para isso nós precisamos ocupar as ruas, mostrar nosso posicionamento e fazer política no espaço público".