Milhares de pessoas, algumas vindas em caravanas do interior de São Paulo, do Paraná e de Minas Gerais, prestigiaram a 14ª Procissão de Xangô no Ginásio do Centro Esportivo da Mooca e nas ruas adjacentes, no domingo (24/06). Foi uma confraternização com muita música, danças e alegria, celebrando a paz, além de uma grande demonstração da cultura afro-brasileira.

Tudo começou com a apresentação em homenagem a Exu (espíritos de luz), pela escola de curimba e arte umbandista Aldeia de Caboclos. Ogum (deus da guerra) e Oxossi (deus da caça) também foram louvados e depois houve um grito de liberdade espiritual.

A Procissão de Xangô faz parte do calendário oficial de eventos da cidade de São Paulo. O ponto alto da festa é justamente a homenagem a Xangô, o orixá da justiça, destacado pela secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Eloisa Arruda.

“Xangô representa justiça e o nosso trabalho é realizar a justiça social. Que nós possamos vencer o preconceito e louvar as histórias dos decanos aqui presentes, de luta, resistência e também de pacificação”, afirmou a secretária.

Pai Engels, responsável pela realização da 14ª Procissão de Xangô, lembrou que os direitos das pessoas e a paz entre as religiões precisam evoluir. “Agradeço o apoio da Secretaria para esse evento. São políticas públicas assim que ajudam no diálogo inter-religioso”.

Intolerância Religiosa

A intolerância religiosa é um fenômeno social que não ocorre exclusivamente no Brasil, com casos se tornando cada vez mais frequentes em diversas regiões de todo o país. Dos 1.014 casos de intolerância registrados em quatro anos pelo Centro de Promoção da Liberdade Religiosa & Direitos Humanos - CEPLIR, 71,15% são atos de violência contra os praticantes das Religiões de Matrizes Africanas, por isso a importância em se falar de uma cultura de paz nesse encontro.

A manifestação da espiritualidade – por meio da música e da dança – emocionou o público, que vibrou e aplaudiu em todas as apresentações. Assim, a Procissão de Xangô (assim como outros eventos religiosos coletivos) torna-se também um dos meios de informar a sociedade, promovendo a educação e consequentemente a quebra de preconceitos contra as religiões, diminuindo a intolerância.