Grupo de Trabalho de Perus identifica restos mortais de militante político

 Cemitério Dom Bosco (Perus): para cada ossada encontrada, foi plantada uma árvore

 

O Grupo de Trabalho Perus (GTP) concluiu a identificação de uma das vítimas encontradas na vala clandestina no Cemitério de Perus. Trata-se de Dimas Antonio Casemiro, morto em abril de 1971 por agentes de repressão política do regime militar.

Dimas Casemiro atuou no movimento estudantil em Votuporanga, sua cidade natal, e posteriormente, em São Paulo, em um dos grupos que optou pela guerrilha como luta política de oposição ao regime. Essa é a primeira vítima reconhecida pelo GTP desde o início de suas atividades. A confirmação definitiva foi concluída no dia 16 de fevereiro, após o GTP ter recebido os resultados de exame de DNA extraídos da primeira remessa de amostras biológicas enviadas para análise genética à International Commission on Missing Persons (ICMP).

A entidade com sede em Haia, na Holanda, atua como parceira do grupo, e foi escolhida em virtude do trabalho que realizou na análise de mais de 20 mil casos de identificação humana no conflito da ex-Iugoslávia. Foram enviados fragmentos de ossos, dentes e amostras de sangue e familiares referentes a 100 indivíduos que mais se enquadram nas características dos 41 desaparecidos políticos.

A análise dos dados que levou à identificação de Dimas foi confirmada pelos estudos antropológicos, odontológicos e informações ante mortem relativas à altura, idade, dentição e trauma decorrente da ação de projétil de arma de fogo. Os resultados indicaram que o laudo genético entre os restos mortais pertencentes a um dos casos enviados coincidia com os dados obtidos a partir das amostras familiares de Dimas.

O laudo genético foi trazido pessoalmente ao Brasil pelo diretor de Ciência e Tecnologia da ICMP, Thomas Parson, que se reuniu com o coordenador científico do GTP, Samuel Ferreira, e com a equipe de peritos do Brasil para análise do caso.

Grupo de Trabalho Perus (GTP)

O GTP foi instituído em 2014 – a partir de acordo de cooperação firmada entre as secretariais de Direitos Humanos do governo municipal e federal, junto com a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos e a Unifesp – para analisar os restos mortais encontrados em 1990, no local que ficou conhecido como vala clandestina de Perus, no Cemitério Dom Bosco, zona Norte de São Paulo. Acredita-se que as pessoas ali enterradas sejam desaparecidos políticos, vítimas da repressão durante a ditadura militar.

Fazem parte do Grupo de Trabalho o Ministério dos Direitos Humanos, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), criada pela Lei 9.140/95.