Grupo de Trabalho Perus se reúne com familiares de desaparecidos políticos

O encontro apresentou o andamento dos trabalhos de identificação e as novas instalações do laboratório

Na sexta-feira (1º) o GTP (Grupo de Trabalho de Perus) realizou uma reunião com representantes dos membros do grupo e integrantes da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos. A ocasião também serviu para apresentar as novas instalações do Centro de Antropologia e Arqueologia Forense da Unifesp, onde estão sendo realizadas as análises das ossadas encontradas em 1990
na Vala Clandestina de Perus, no Cemitério Dom Bosco.

O GTP é composto pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ele foi instituído em outubro de 2014 e tem o objetivo de identificar os restos mortais encontrados na Vala de Perus. A reunião foi a primeira do grupo com o secretário da SMDHC, Felipe de
Paula, no cargo.

“Desde 2013, quando foi criada a secretaria de Direitos Humanos, memória e verdade são questões caras para nós e esse caso, em especial, é uma prioridade. Já se passou muito tempo, mas essa luta para contar a história precisa continuar, é uma questão de respeito com os familiares”, comentou de Paula.

O novo espaço oferece melhores condições de trabalho para os especialistas do GTP e de armazenamento dos remanescentes. Até o momento, das 1.047 caixas contendo restos mortais, 471 já foram limpas e preparadas para o estudo antropológico. Destas, 460 foram analisadas, nas quais foram identificados 368 indivíduos adultos homens, 69 mulheres e 23 indeterminados (crianças e/ou adolescentes). Também foi constatado que 26% estão mescladas, ou seja, possuem ossos de mais de uma pessoa.

Familiares observam mural de fotos de desaparecidos políticos / Foto: UNIFESP

Para a coordenadora de Direito à Memória e à Verdade da SMDHC, Carla Borges, as reuniões com o Comitê de Acompanhamento, composto pelos familiares e entidades ligadas ao tema, são parte essencial do processo. “O momento foi importante para atualização das informações aos familiares e para a construção de pactuações políticas para que o trabalho do GTP aconteça de forma transparente e participativa e, principalmente, para que tenha continuidade”.

A SMDHC garante a participação dessas famílias em todas as etapas do processo, cobrindo o custo das passagens daqueles que moram fora de São Paulo, bem como das visitas dos especialistas para coleta de material genético e levantamento de dados antemortem.