Cine-Cicletada percorre lugares de memória da cidade

O festival lembrou vítimas das ditaduras militares que se instalaram no Brasil e na América Latina

Foto: Mario Gustavo Coelho

Cerca de 200 ciclistas participaram neste sábado (9) da 5ª edição do Cine-Cicletada. O evento, que homenageou vítimas das ditaduras militares no Brasil e na América Latina, saiu da Praça do Ciclista, na Paulista, e percorreu lugares de memória da cidade. O secretário-adjunto da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Guilherme Assis de Almeida, participou de todo o percurso. Para ele, a iniciativa acerta ao propor um uso diferente dos espaços públicos. "Numa semana de grande importância que é a Semana da Memória e Verdade, esse novo uso da cidade, com as bicicletas e com a animação das pessoas que estão aqui, ajuda a fortalecer a democracia”.

O primeiro ponto de parada foi o Monumento em Homenagem aos Mortos e Desaparecidos Políticos, próximo ao Parque Ibirapuera. Criado pelo arquiteto Ricardo Ohtake, a obra foi inaugurada pela Prefeitura de São Paulo, em 2014, para lembrar os 436 nomes de pessoas mortas e desaparecidas durante a ditadura civil-militar brasileira. No local, foram projetados os curtas "Projeto 68", filme de Julia Mariano sobre a Passeata dos Cem Mil, e "Marimbás", único filme assinado pelo jornalista Vladimir Herzog.

De lá os ciclistas seguiram para o antigo prédio do DOI-CODI, órgão de repressão do governo militar. Segundo Clara Castellano, coordenadora-adjunta de Direito à Memória e à Verdade, a ação buscou “dar luz a estes espaços para que a gente possa refletir o que aconteceu no passado e para que as novas gerações entendam o que é viver num Estado autoritário, que viola direitos humanos". Relembrar os lugares de memória invisibilizados no cotidiano da cidade é uma das políticas da Coordenação de Direito à Memória e à Verdade da Prefeitura de São Paulo.

O evento foi encerrado na Cinemateca Brasileira, onde sete curtas que abordam as violações aos direitos humanos praticadas em regimes militares foram exibidos num telão montado ao ar livre. O projeto ocorre desde 2012 com entrada gratuita, valorizando a bicicleta como alternativa à mobilidade urbana ao inverter a prioridade histórica do automóvel na cidade. As atividades propõem uma nova forma de utilização dos espaços públicos e resgatam as ruas como locais de convivência, de exercício do Direito à Cidade e de produção e difusão cultural aberta a todos.

O Cine-Cicletada 2016 foi realizado pelo Ciclo Coletivo e pela Prefeitura de São Paulo, por meio das Coordenações de Direito à Memória e à Verdade e de Promoção do Direito à Cidade da  Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania. São parceiros a Cinemateca Brasileira e a Okra Filmes.