Abertura do Festival de Direitos Humanos tem futebol, música e cinema na rua

Diversidade de público marca o início da terceira edição do evento. Festival segue até 13 de dezembro

Futebol de Rua: Refugiados x População em situação de rua

Ontem, dia 6/12, a Praça Marechal Deodoro, na região central, recebeu a abertura do 3º Festival de Direitos Humanos – Cidadania nas Ruas. O encontro teve início às 15h, com uma partida de futebol entre refugiados de diversas nacionalidades e integrantes do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR).

O jogo, organizado em parceria com a Ação Educativa, seguiu a filosofia do Futbol Callejero, modalidade criada nos anos 90 pelo ex-jogador argentino Fabian Ferraro, em conjunto com organizações sociais que atuam em áreas de conflito nas periferias da região metropolitana de Buenos Aires. Mais colaborativo e menos competitivo, o Futbol Callejero ou Futebol de Rua, em português, virou um movimento que engloba, hoje, 64 países e propõe uma prática esportiva baseada em princípios democráticos e de respeito à diversidade.

Times combinam as regras, ao estilo do Futbol Callejero

Antes da bola rolar, são os próprios jogadores que definem as regras. Sentados em roda, os atletas do dia fizeram seus acordos, discutiram a importância da participação feminina e decidiram: “gol de goleiro, só se a bola partir do campo de defesa”. Daí em diante, a “Arena Marechal Deodoro”, devidamente batizada pelo narrador de fala rápida e bem humorada [saiba mais sobre o Narra Várzea], virou o centro dos olhares do público ao redor, ou mesmo de quem passeava pelo Minhocão ou acompanhava os lances através das janelas dos prédios vizinhos.

Eduardo Suplicy, DJ DanDan, DJ Nyack e Rogério Sottili

“Os imigrantes deram de 8 a 1 nos moradores em situação de rua. Eu acho que eles vão querem uma revanche”, brincou o secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Eduardo Suplicy, que saudou o público e deu boas vindas aos imigrantes presentes. “Sejam bem vindos ao Brasil”, falou afetuoso, antes de chamar o secretário especial de Direitos Humanos do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Rogério Sottili, ao microfone.

Rogério Sottili, secretário especial de Direitos Humanos da Presidência da República

“É uma honra poder participar deste evento”, iniciou Sottili, ao relembrar da primeira edição do festival, em 2013, quando ainda era o titular da pasta de Direitos Humanos no município de São Paulo. “Quando nós criamos o Festival de Direitos Humanos, tínhamos dois objetivos muito concretos: ocupar a cidade, ocupar as ruas e os espaços públicos para que a gente pudesse exercer o nosso direito de cidadania. E não permitirmos qualquer retrocesso nas conquistas de direitos”, afirmou. 

Participantes e organizadores da partida

O secretário-adjunto municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Guilherme Assis de Almeida, também esteve presente e acompanhou de perto as atividades da abertura. "Eu acho que começa muito bem o festival com esta atividade integrando dois grupos que sofrem muitas violações de direitos humanos jogando um futebol que não é um futebol competitivo, mas é um futebol a favor da integração e ocupa a rua. A cidade é um espaço democrático e é assim que tem que ser encarada".

Público durante a discotecagem do projeto Discopédia

A programação, que contou com discotecagem do projeto Discopédia, comandado pelos DJs Nyack, Marco e DanDan, seguiu com a exibição da série “Aconteceu Bem Aqui” que apresenta, por meio de pequenos documentários, a importância de relembrar os lugares de memória da cidade, para fortalecermos os avanços democráticos e impedir que as violações banalizadas no período da ditadura militar permaneçam como sombras no presente. A exibição contou com presença do diretor Camilo Tavares.

Exibição de "Aconteceu Bem Aqui", do diretor Camilo Tavares

 

Festival de Direitos Humanos – Cidadania nas Ruas

Ações nas redes e em diversos pontos da cidade celebram o Dia Internacional dos Direitos Humanos (10/12) com mais de 40 atividades gratuitas de cinema, teatro, música, oficinas, exposições e debates, além de prêmios, lançamentos, prestação de serviços e intervenções urbanas, que promovem novas formas de ocupação do espaço público.

São oito dias de programação onde a população que vive em São Paulo é convidada a dialogar sobre participação social, cidadania, educação, juventude, violência, imigração, memória e outros temas importantes para a promoção de uma cidade mais humana, democrática e diversa. Uma cidade para pessoas.

Acesse a programação completa no site: festivaldireitoshumanos.prefeitura.sp.gov.br