Servidores públicos conhecem processo de identificação dos restos mortais da Vala Clandestina de Perus

Em parceria com a SMDHC, curso promovido pela Escola de Governo visitou as dependências do laboratório onde estão sendo investigadas as ossadas

Cerca de 60 funcionários da Prefeitura de São Paulo visitaram na tarde de quarta-feira dia 22/7, o laboratório do Centro de Arqueologia e Antropologia Forense (CAAF/UNIFESP) onde, desde outubro de 2014, é realizado o processo de identificação dos restos mortais exumados do Cemitério de Perus, atividade coordenada pelo Grupo de Trabalho Perus (GTP). A visita foi conduzida pela Coordenação de Direito à Memória e à Verdade e faz parte do Curso de Formação de Servidores Municipais em Direitos Humanos e Cidadania, fruto da parceria entre a Escola de Governo, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), e a Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Gestão (SMPOG), com apoio da Escola do Servidor Público Municipal (EMASP).

Após a contextualização da história da Vala Clandestina de Perus e da análise das ossadas pelo GTP, realizada por Carla Borges e Fábio Franco, da Coordenação de Direito à Memória e à Verdade, os alunos conheceram as dependências do laboratório e a metodologia utilizada para a identificação dos restos mortais.

Durante a exposição, o professor Bruno Comparato enfatizou as relações entre memória, verdade e direitos humanos no contexto latino-americano, particularmente no Brasil, ressaltando que “para virar uma página da história, é preciso primeiro lê-la e compreendê-la”, tal como vem acontecendo com o caso Perus. Em seguida, a equipe de antropologia forense do GTP respondeu às dúvidas dos alunos e detalhou as etapas do processo de identificação, que inclui desde pesquisa em arquivos e entrevista com familiares até a análise minuciosa dos restos mortais e os exames de DNA.

Iniciativas como essas são fundamentais para aproximar servidores e funcionários dos projetos desenvolvidos pela gestão municipal, que tem se destacado pela execução de políticas relevantes para o acerto de contas com o passado ditatorial, dentre as quais se destacam, por exemplo, a instalação da Comissão Municipal de Memória e Verdade e as ações da Coordenação de Direito à Memória e à Verdade. A construção de uma cidade verdadeiramente democrática depende da efetiva participação de todos os cidadãos no combate às heranças autoritárias deixadas pela ditadura civil-militar brasileira e ainda presentes, de variadas formas, nas nossas instituições públicas.


O grupo de trabalho Perus

Criado com a finalidade de identificar desaparecidos políticos possivelmente enterrados na Vala Clandestina do Cemitério Dom Bosco, em Perus, o GTP possui uma gestão tripartite, composta pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura Municipal de São Paulo (SMDHC) e pela Universidade Federal de São Paulo (UNFESP). No seu corpo técnico-científico, conta com uma equipe multidisciplinar formada por antropólogos forenses brasileiros e peruanos, contratados pela SDH/PR, por peritos oficiais brasileiros cedidos pela Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça e pelo Departamento de Polícia Federal, por antropólogos forenses da Associação Brasileira de Antropologia Forense, por docentes e alunos da UNIFESP e por colaboradores de diversas universidades brasileiras. Além disso, para garantir a participação ativa de familiares de desaparecidos políticos durante todo o processo de identificação, existe o Comitê de Acompanhamento, integrado por membros de Comissões da Verdade e pelo Ministério Público Federal, que se reúne periodicamente com a equipe gestora e científica para a validação de decisões e acompanhamento dos trabalhos.