Clínicas de Testemunho ampliam atendimento psicológico para peritos atuantes na identificação das ossadas de Perus

Protocolo que garantirá o serviço será assinado nesta sexta-feira (27), em São Paulo

Os peritos que trabalham na identificação de restos mortais de pessoas enterradas ilegalmente em Perus receberão atendimento psicológico por intermédio do projeto Clínicas do Testemunho, da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.

A oferta do atendimento será formalizada às 12h desta sexta-feira (27), em cerimônia de assinatura de um protocolo de intenções entre a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), a Comissão de Anistia, a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Segundo os termos do protocolo, as Clínicas de Testemunho poderão estender o atendimento a pessoas cujos familiares podem estar entre as pessoas inumadas ilegalmente em Perus.

Participarão da cerimônia o secretário-adjunto municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Rogério Sottili; a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Ideli Salvatti; o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão; a presidente da CEMDP, a procuradora da República Eugênia Gonzaga; e a reitora da Unifesp, professora Soraya Soubhi Smaili.

Depositadas no Ossário Geral do Cemitério Araçá desde 2002, a retomada da investigação teve início em julho de 2014, com uma sistemática e exaustiva compilação de informações de fontes escritas e audiovisuais sobre a ditadura civil-militar brasileira, o Cemitério Dom Bosco e a estrutura da repressão em São Paulo. A partir dessas informações foi possível definir os nomes das possíveis vítimas inumadas na Vala Clandestina, assim como reunir dados fundamentais para o desenvolvimento das análises antropológicas.

As análises começaram em setembro de 2014, quando houve o transporte de 411 caixas anteriormente armazenadas no Cemitério do Araçá para o Laboratório do Centro de Arqueologia e Antropologia Forense da Unifesp, seguido logo depois do transporte de 22 caixas referentes ao Caso Perus armazenadas no Instituto Médico Legal (IML). Sob supervisão da Cruz Vermelha Internacional, 17 peritos trabalham, diariamente, no Laboratório.

Clínicas – Concebido em 2012, o projeto Clínicas do Testemunho mantém núcleos de apoio e atenção psicológica aos afetados por violência de Estado entre 1946 e 1988, oferecendo atenção às vítimas, capacitando profissionais e gerando referência para aproveitamento profissional em novas experiências.

Além de manter clínicas diretamente em São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro, o projeto realiza missões de atendimento, tendo promovido mais de 4.000 atendimentos terapêuticos e ofertado 450 horas de capacitação para profissionais de diversas áreas.

Tal serviço atende à recomendação nº 33 do relatório da Comissão Nacional da Verdade, segundo a qual as “vitimas de graves violações de direitos humanos estão sujeitas a sequelas que demandam atendimento médico e psicossocial contínuo”, que deve ser ofertado pela administração pública.

Vala Clandestina – A vala clandestina do Cemitério Dom Bosco, em Perus, foi aberta em 1990, quando foram descobertas 1049 ossadas. Entre esses restos mortais, acredita-se haver desaparecidos políticos da ditadura civil-militar, indigentes e vítimas de grupos de extermínio que atuaram em São Paulo nos anos 1960 e 1970.


Assinatura de Protocolo para atendimento psicológico aos envolvidos na identificação das ossadas de Perus
27/3, 12h
Páteo Do Colégio, 5, 7º andar, São Paulo, SP

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