Placa que levava nome de general da ditadura é substituída esta semana em SP

A placa de sinalização do antigo Viaduto General Milton Tavares de Souza foi substituída pela placa com a nova denominação estabelecida pela Lei Nº 15.717, de 23 de abril de 2013: Domingos Franciulli Netto. O viaduto cruza a Marginal Tietê e interliga a Avenida Governador Carvalho Pinto, na Penha, à Avenida Educador Paulo Freire e à Rodovia Fernão Dias, na Vila Maria, zona norte.

Milton Tavares foi um dos articuladores do golpe civil-militar de 1964 e era comandante do Centro de Informações do Exército, sendo um dos responsáveis pela política de perseguição e extermínio aos chamados "inimigos do regime". Embora o nome do logradouro já tenha sido alterado, a sinalização ainda permanecia inalterada e conservava a homenagem ao general que cometeu violações aos direitos humanos durante a ditadura militar.

De acordo com a lei aprovada em 2013, a alteração dessas denominações só pode ser feita mediante aprovação da Câmara dos Vereadores, por Projetos de Lei apresentados pelos poderes executivo ou legistativo.

Recente levantamento realizado pela Coordenação de Políticas de Direito à Memória e à Verdade revela que existem mais de 29 ruas, pontos, viadutos ou praças com nomes de pessoas diretamente vinculadas à repressão. A alteração dessas denominações será um dos focos da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania em 2015, construída em parceria com coletivos atuantes na cidade e amplo diálogo com os moradores e comunidades locais.

"A São Paulo que queremos não pode manter homenagens a pessoas que torturaram pessoas e cometeram tantas outras atrocidades, como é o caso do Sérgio Fleury, do Henning Boilesen, nas vias que conectam diversos pontos da cidade. A alteração dos nomes desses logradouros faz parte de uma luta simbólica para extinguir as marcas de brutalidade e intolerância imprimidas nas cidades pelo regime militar", afirma o secretário Rogério Sottili.