Prefeitura vai restaurar registros da época da ditadura militar

Restauro dos livros deve ser concluído no primeiro semestre de 2014. A ação é o primeiro passo de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania e a Comissão Nacional da Verdade

O Arquivo Histórico da Prefeitura, responsável pela conservação, guarda permanente, identificação, ordenação e divulgação do conjunto documental produzido pela administração pública municipal, realizará nos próximos meses o restauro de livros com o registro das pessoas sepultadas nos cemitérios de Perus e da Vila Formosa entre 1964 e 1988, época da ditadura militar.

A ação partiu de uma solicitação da Comissão Nacional da Verdade à Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), responsável pela política de direito à memória e à verdade na Cidade. No último dia 21, a SMDHC articulou uma reunião com representantes do Arquivo Histórico Municipal, do Serviço Funerário Municipal, do Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça e da Comissão Nacional da Verdade (CNV) para definir as estratégias para a disponibilização do acervo da Prefeitura no período da ditadura civil-militar.

O pedido da Comissão de digitalização dos livros dos cemitérios vem ao encontro de uma das prerrogativas centrais da futura Comissão da Verdade da Prefeitura de São Paulo, cujo projeto de lei deve ser enviado ainda este ano à Câmara. “Tal acesso contribuirá fortemente para exame e esclarecimento das violações aos direitos humanos praticadas ou sofridas durante o período, podendo revelar o sepultamento de desaparecidos políticos nestes cemitérios e possivelmente a localização de restos mortais”, disse Carla Borges, coordenadora de Direito à Memória e à Verdade da SMDHC.

O trabalho a ser desenvolvido pelo Arquivo Histórico consiste na identificação dos livros do período solicitado, restauro, digitalização do material e, por fim, a sua disponibilização - à Comissão e também ao público. Atualmente, 40 livros já foram identificados e cerca de 100 devem contemplar o período a ser analisado. Cada livro possui 200 páginas.

Segundo o diretor do Arquivo Histórico, Afonso Luz, os livros estão bastante danificados, o que exigirá, em grande parte deles, um exímio trabalho de restauração. As páginas serão restauradas uma a uma e paginadas em papel japonês. O material deve ser entregue à Comissão da Verdade ainda no primeiro semestre de 2014.