Rejuvenescimento da população do Centro vai ao encontro de políticas urbanas

Pesquisa feita pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano apontou que apesar da população jovem entre 15 a 29 anos ter diminuído em toda a cidade, na região central, cresceu 13,2%. PDE quer incentivar moradias de baixo custo em eixos de mobilidade

Apesar de a população jovem com idade entre 15 a 29 anos ter diminuído 2% em toda a cidade de São Paulo entre 2000 e 2010, na região central, em especial nos distritos da subprefeitura da Sé, houve crescimento de 13,2% no mesmo período. Enquanto em 2000, em toda a cidade tinham 2.961.820 moradores com idade entre 15 a 29 anos, em 2010, o número caiu para 2.907.462 jovens. Já nos 12 distritos que compõem o centro e o centro expandido, o número de jovens saltou de 137.573 em 2000 para 155.841 em 2010.

Os dados fazem parte de um estudo realizado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU), com base em dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e compõem a série Informes Urbanos. Outro estudo da pasta, divulgado em fevereiro, apontou que a taxa de vacância domiciliar na cidade caiu de 14% para 7,5% entre 2000 a 2010, mas na região da Sé, a variação foi ainda maior, passando de 39,7% para 11,7%.

De acordo com o diretor do Departamento de Produção e Análise da Informação (Deinfo), Tomás Wissenbach, o rejuvenescimento da população do Centro vai ao encontro com as políticas de requalificação da região, como o Centro Aberto e os parklets. Ele cita também a ligação com as diretrizes do novo Plano Diretor Estratégico (PDE), como a cota parte, que pretende incentivar a produção de moradias de baixo custo em eixos de mobilidade.

“Esses dados são positivos, pois mostram que as políticas urbanas adotadas estão no caminho certo. O rejuvenescimento da população do Centro, somada à queda de domicílios vagos, apontam que é necessário incentivar a construção de unidades habitacionais mais econômicas para pessoas de baixa renda como jovens para aproximar emprego e moradia”, disse Wissenbach.

Outro dado da pesquisa é o crescimento superior a 100% do número jovens mulheres como chefes de família na cidade. Enquanto em 2000, São Paulo tinha 99.475 mulheres responsáveis pela casa, dez anos depois, passou para 214.922. O número de jovens que vivem sozinhos ou são responsáveis pela casa também cresceu em 11% no período, passando 442.061 para 490.931. Jovens homens chefes de família diminuíram em 20%, passando de 342.586 para 276.010.

"A política urbana auxilia a inclusão dessas mulheres por meio do território. Solteiras, morando sozinha ou com filhos, essas mulheres precisam estar mais próximas da infraestrutura e a produção de moradias mais baratas e o incentivo a construção no centro vai ajudar”, afirmou o diretor do Deinfo.

Plano Diretor
Sancionado no dia 31 de julho de 2014, o novo Plano Diretor Estratégico (PDE) reúne diretrizes urbanísticas para orientar uma ocupação mais equilibrada da cidade pelos próximos 16 anos. De acordo com o plano, empreendimentos que se instalarem no raio de até 400 metros das estações de trem, metrô e monotrilho ou, ainda, a 150 metros de corredores de ônibus poderão intensificar seu uso com aumento do potencial construtivo permitido.

Em conjunto, o novo PDE acaba com a exigência de uma quantidade mínima de vagas de garagem nos empreendimentos próximos a esses eixos de mobilidade. As vagas de garagem só serão consideradas áreas não computáveis enquanto não ultrapassarem o limite de uma vaga por unidade habitacional ou para cada 70 metros quadrados para usos não residenciais – acima disso, passa a ser considerada área construída computável. Com as duas alterações, o novo PDE incentiva a construção de empreendimentos habitacionais e de uso misto próximos às estruturas de transporte coletivo e desestimula o uso do carro.

Para garantir que empresas se instalem em bairros com alta densidade populacional, mas baixa oferta de empregos, o PDE cria os perímetros especiais de incentivo ao desenvolvimento econômico. Nessas áreas, os empreendimentos não residenciais ou de uso misto têm isenção da outorga onerosa e o potencial construtivo é mais elevado, chegando ao coeficiente de aproveitamento máximo igual a 4,0 (número que multiplicado pela área do terreno indica o número de metros quadrados que podem ser construídos). Regiões como o entorno da avenida Cupecê fazem parte dessas intervenções.

Centro Aberto
Iniciado em 25 de setembro do ano passado, em regiões como os largos São Francisco e Paissandu, o projeto Centro Aberto leva intervenções temporárias como faixas de pedestre novas, paraciclos, compartilhamento de bicicletas e banheiros públicos para os locais. Os espaços também ganharam bancos em muretas e canteiros, decks de madeira com guarda-sol.
Durante todo o período de implantação, são realizadas conversas com a população local e interessados em geral, num canal aberto para o diálogo entre sociedade civil, técnicos e gestores urbanos.

Parklets
Os parklets são plataformas que podem ser equipadas com bancos, floreiras, mesas, cadeiras, guarda-sóis, aparelhos de exercícios físicos, paraciclos ou outros elementos de mobiliário, sempre com a função de recreação ou de manifestações artísticas.

A instalação dos parklets poderá ser de iniciativa da administração pública ou de qualquer munícipe (pessoa física ou jurídica). Os custos referentes à instalação, manutenção e remoção do parklet são de responsabilidade exclusiva do mantenedor. A proposta deverá atender às normas técnicas de acessibilidade, diretrizes estabelecidas pela Companhia de Engenharia e Tráfego (CET) e pela Comissão de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU).

Entre as restrições estão, por exemplo, a instalação de parklets em locais onde haja faixa exclusiva de ônibus, ciclovias ou ciclofaixas, ou em vias com limite de velocidade acima de 50 km/h. O decreto que regulamenta os parklets, de número 55.405, foi assinado no dia 16 de abril de 2014 pelo prefeito Fernando Haddad.

Para acessar a página com todos os estudos desenvolvidos SMDU, clique aqui.