Taxa de domicílios vagos em São Paulo cai 30% entre 2000 e 2010

Estudo indica que a combinação entre política urbana e a construção das estratégias de combate ao uso especulativo da terra urbana podem influenciar diretamente na relação entre o volume de imóveis disponíveis e o volume total existente

A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU) realizou um estudo inédito sobre a relação entre o volume de imóveis disponíveis na cidade de São Paulo e o volume total existente.

O estudo indica que a taxa de vacância domiciliar (imóveis vazios) medida, oriunda do Censo demográfico do IBGE, teve uma queda de 14,0% em 2000 para 7,5% em 2010. Em números absolutos, os domicílios vagos passaram de 420.328 domicílios em 2000 para 293.621 em 2010, ou seja, 30% a menos.

O resultado demonstra que a combinação entre política urbana e a construção das estratégias de combate ao uso especulativo da terra urbana – reforçadas pela criação do Departamento de Controle da Função Social da Propriedade – podem garantir que a taxa de vacância atinja patamares mais próximos dos usuais em outras cidades do mundo e que a redução da taxa de vacância esteja associada aos segmentos mais sensíveis do déficit habitacional (os que recebem até 3 salários mínimos).

Na cidade de São Paulo, todos os distritos apresentaram variação negativa entre 2000 e 2010. O distrito de Barra Funda, por exemplo, variou de 15,1% para 14,9%, ou seja, uma variação de apenas 0,2 ponto percentual. Já para o distrito da Sé, a taxa de vacância variou de 39,7% para 11,7%, isto é, uma variação de 28,0 pontos percentuais. A área com distritos de maior redução vai da região central e se estende em direção ao sudoeste do município. Ou seja, as maiores reduções percentuais ocorreram na Sé, República, Brás, Pari, Santa Cecília.

A redução é expressiva por dois motivos. Primeiro, o número total de domicílios na cidade teve um aumento da ordem de 10,7%, passando de 3.554.820 em 2000 para 3.935.646 em 2010. Segundo, ao contrário de São Paulo, o Brasil apresentou um crescimento no número de domicílios vagos da ordem de 1,1%.

Causas e fatores
As evidências indicam que a queda da vacância está relacionada a uma maior pressão de demanda, resultado do significativo aumento dos níveis de emprego e renda da população e da maior oferta de crédito imobiliário. Essa pressão produziu uma forte valorização imobiliária na cidade, como sabemos, impactando na decisão de parte dos especuladores que optaram por realizar o seu lucro vendendo ou alugando.

Também contribuíram para a redução da taxa de vacância os processos de transformação do centro, muito em função da transferência dos órgãos administrativos para cá e de alguns investimentos. O centro tornou-se atrativo para uma parcela de jovens em função do preço relativo baixo em relação às áreas mais valorizadas e à oferta de apartamentos mais espaçosos.

Em relação a outras cidades do mundo, pesquisas citadas no estudo indicam que a taxa entre 5 e 6,5% indicam um funcionamento normal do mercado imobiliário com baixa presença de especulação.

Especulação imobiliária
A queda na vacância pode mostrar que os especuladores ganharam na década passada. Como na época o IPTU Progressivo no Tempo não tinha sido implementado, eles se beneficiaram do crescimento da demanda por apartamentos e, na hora certa, venderam ou alugaram os seus apartamentos vazios para realizar o seu lucro na hora certa. Isso reforça a importância dos instrumentos criados nesta gestão, como a notificação dos imóveis ociosos. Para saber mais esse instrumento, acesse a página sobre a Função Social da Propriedade.

Para acessar o estudo completo, clique aqui.