Artefatos indígenas no Pavilhão das Culturas Brasileiras

Curadoria:
Cristiana Barreto
Luis Donisete Grupioni

Sinopse da Exposição:
Arte fatos Indígenas apresentou as novas coleções de artes indígenas adquiridas pela Secretaria Municipal de Cultura para integrar o acervo do Pavilhão das Culturas Brasileiras.  A exposição retoma as diretrizes concentuais traçadas por Adélia Borges e equipe no projeto que deu origem a este novo espaço cultural, projeto que propõe a inserção da produção indígena contemporânea no universo das artes populares do Brasil.

A exposição apresentou as novas coleções por módulos que correspondem a diferentes povos indígenas,  ou associações de povos indígenas, com o objetivo de salientar a diversidade desta produção e evidenciar como esta produção se dá dentro de tradições estéticas específicas a cada povo, e está intimamente ligada a processos contemporâneos de reafirmação de identidades, não só enquanto povos indígenas do Brasil, mas também enquanto etnias específicas.


Peças:
Foram 274 obras de arte e artefatos indígenas, representando a produção contemporânea de vários povos indígenas da Amazônia, entre eles os Wajãpi, Palikur, Galibi-Maworno, Tiryió, Wayana e Apalai, Asurini e Kayapó.

Objetos rituais (tais quais máscaras, ornamentos corporais e instrumentos musicais) e do cotidiano (tais quais cerâmicas, cestos e bancos esculpidos em madeira) ilustrou as diferentes tradições estéticas dos povos indíegnas representados.    

Cerca de 30 desenhos sobre papel mostraram a riqueza da arte gráfica Wajãpi e uma dezena de esculturas em madeira denotam a maestria dos povos indígenas do Oiapoque em representar os animais com que convivem.

Um vídeo foi mostrado no mesmo espaço da exposição ilustrando os processos de confecção e uso de muitos dos artefatos expostos.

Contato com a curadoria:

Cristiana Barreto
cristianabarreto@gmail.com  ou arxcultural@gmail.com

+ Veja a galeria de imagens da exposição

+ Veja o Folheto e o Vídeo em Publicações Eletrônicas


1. O Kayeb - Cobra cosmológica
Manoel Antonio dos Santos (Wet), janeiro de 2010
Povo Palikur - Amapá

Escultura em madeira que representa a constelação do Kayeb na astronomia dos índios Palikur. A constelação forma uma grande cobra bicéfala que se move no céu ao longo do ano, indicando o solstício de verão e o fim da estação seca, quando se planta a mandioca.  Os Palikur estão entre os vários povos indígenas do Oiapoque, no Amapá, que compartilham este conhecimento tradicional.


2. O barco da constelação
Manoel Antonio dos Santos (Wet), janeiro de 2010
Povo Palikur – Amapá

Escultura em madeira que faz referência ao mito do barco que se transforma na cobra de sete cabeças, constelação relacionada ao início das chuvas pelos povos indígenas do Oiapoque. A decoração pintada remete aos escudos de guerra usados no passado pelos Palikur, povo que esteve em conflitos com outros povos indígenas vizinhos e com os colonizadores europeus.


3. Banco de pajé em forma de pássaro
Nordevaldo dos Santos, 2011
Povo Galibi Marworno - Amapá

Para os povos indígenas do Oiapoque, as aves são o paradigma do invisível, grandes auxiliadoras dos pajés com quem elas realizam suas viagens para outros mundos. É sentado sobre um pequeno banco ornitomorfo que o pajé entra em contato com os espíritos do outro mundo, realizando suas curas.


4.Kusiwá  (arte gráfica Wajãpi)
Desenho sobre papel com o motivo murua soka (pernas de rã)
Asurui Wajãpi, julho de 2010
Povo Wajãpi - Amapá

Os padrões da arte gráfica Wajãpi, hoje considerados Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO, encerram conhecimentos tradicionais sobre as plantas, animais e coisas que os rodeiam. Os Wajãpi dizem ter pego estes motivos gráficos de seus donos, os animais e peixes que hoje em dia andam invisíveis. Por isso os Wajãpi se consideram hoje os guardiões desses conhecimentos.


5. Bolsa de algodão Wajãpi
Kyremu Wajãpi, maio de 2010
Povo Wajãpi – Amapá

Bolsa tecida com algodão nativo, reproduzindo motivo gráfico com padrão de espinha de peixe (paku kãgwer). A arte da tecelagem em algodão é uma atividade feminina por excelência entre os Wajãpi. As mulheres cultivam o algodão em suas roças, e com fusos de madeira produzem os fios com que tecem suas redes de dormir, saias e tipóias com as quais carregam seus filhos. Em anos recentes, passaram a confeccionar objetos, como bolsas, para o mundo de fora da aldeia.