Novas aquisições | Artes Plásticas

Em sintonia com a filosofia criada para o Pavilhão das Culturas Brasileiras, com as lições da Missão Folclórica de 1938 e com a Coleção Rossini Tavares de Lima, a escolha para as novas aquisições de obras recaiu sobre a produção popular. Ela é um prolongamento das preocupações até aqui acumuladas desde Mário de Andrade, pelo que encerram, em sua essência, muito da identidade brasileira.

Dezenas de obras de mais de vinte artistas acabam de ser integradas ao acervo do Pavilhão. Na constituição dessa lista, levou-se em consideração um mapeamento nacional irrestrito, prevalecendo a presença do artista no panorama do país e a qualidade de sua produção.

As aquisições são, inequivocamente, de obras que se inserem no circuito das artes plásticas, com pertinência estética e autonomia artística. Isto afasta qualquer possibilidade de serem, apesar de produções da esfera popular, confundidas com outras atividades do fazer tradicional, como o artesanato. As outras aquisições feitas - objetos de design popular e de arte indígena - serão levadas a público proximamente em exposições específicas. Neste sentido, todas as peças incorporadas atualizam e dão nova dimensão à Coleção Rossini, acervo embrionário do Pavilhão.

Muitos dos artistas cujas obras estão nesta exposição, alguns já falecidos, têm sua produção cercada de grande interesse no mercado. Assim, buscou-se potencializar a oportunidade da aquisição, combinando a verba disponível com obras altamente significativas de cada um, obras que representassem o melhor da trajetória e do espírito criativo do artista.

Como resíduo das tradições medievais dos ofícios, é comum ver os mestres da arte popular darem continuidade às suas produções através de membros da família ou da comunidade. Sem prejuízo do aspecto legítimo e generoso de tal atitude, no caso das novas aquisições, privilegiou-se as criações matriciais. É uma forma de reconhecimento àqueles que, frequentemente oriundos da atividade artesanal, foram além em sua força criativa, inaugurando uma linguagem artística original.
   
Na medida do possível – e isto aconteceu com certa freqüência – foram adquiridas mais de uma obra de cada artista. Esta decisão parte do pressuposto de que o Pavilhão, mais que um depositário de obras, assume o compromisso de evidenciar o processo de criação, mostrando-o em suas diferentes facetas e épocas.

José Alberto Nemer

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