Inventário de Obras de Arte em Logradouros Públicos da Cidade de São Paulo

Fonte Milão - São Paulo

As cidades de Milão e São Paulo se tornaram “cidades gêmeas” por meio de um acordo firmado em março de 1962. No mesmo ano, o prefeito de Milão inaugurou, naquela cidade italiana, o Largo Brasília. Em seguida, veio ao Brasil, em missão de amizade como parte das solenidades do acordo. Uma praça em frente ao Viveiro Manequinho Lopes, no Parque Ibirapuera, recebeu a denominação de Praça Cidade de Milão, em outubro de 1962. Durante cerimônia, o prefeito de São Paulo, Francisco Prestes Maia, declarou a Gino Cassini, prefeito de Milão, que, no local seriam implantadas reproduções, no dobro de seu tamanho natural, das esculturas de Michelangelo para o túmulo dos Medicis. A execução das réplicas já havia sido contratada junto ao Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, que, desde os primeiros anos do século XX, mantinha uma gipsoteca – uma coleção de reproduções em gesso de clássicos greco-romanos e renascentistas, vindas de museus da Europa. Por razões que desconhecemos, a obra só foi instalada no espaço público em 1971.

A Fonte Milão - São Paulo, inspirada nas fontes italianas, geralmente apoiadas a paredes ou escadarias, compõe-se de cópias, em argamassa armada, de obras de Michelangelo Buonarroti (Caprese, próximo a Arezzo, 1475 – Roma, 1564). Alegorias representando A Noite, O Dia, O Crepúsculo e A Aurora distribuem-se ao redor de um chafariz. Numa parede ao fundo, estão os brasões das cidades de Milão e São Paulo. O Dia e O Crepúsculo, figuras masculinas, formam um par, com os brasões ao centro. Em primeiro plano e de menores dimensões, estão A Noite e A Aurora, figuras femininas. Essa disposição rompe com a proposta original de Michelangelo para a Capela dos Medicis, em Florença, onde O Dia e A Noite formam um casal sobre o túmulo de Giuliano de Medici, e O Crepúsculo e A Aurora sobre o túmulo de Lorenzo. Michelangelo executou-as entre 1526 e 1533, numa menção aos contrastes da passagem do tempo, da vida e da morte.

Além de homenagear Milão com uma obra de Florença e realizar uma montagem que não permite recuperar integralmente a proposta do artista, São Paulo também exprimiu certo pudor provinciano ao encobrir o sexo das figuras masculinas com folhas de vinha.

A fonte foi totalmente restaurada em 1988, com recursos da iniciativa privada, e em 2003, desta vez com recursos doados pela cidade de Milão.


Seção Técnica de Levantamentos e Pesquisa
Divisão de Preservação - DPH