Inventário de Obras de Arte em Logradouros Públicos da Cidade de São Paulo

Oitenta Anos da Imigração Japonesa

O primeiro grupo de imigrantes japoneses chegou ao Brasil em 1908, a bordo do navio Kasato Maru. As dificuldades de adaptação a uma nova cultura foram muitas, mas os japoneses mostraram fibra e determinação. Conseguiram vencer os desafios, se integraram ao novo país e, na cidade de São Paulo, imprimiram sua marca tanto nos costumes quanto na constituição de bairros como Liberdade, Saúde e Jabaquara.

A Comissão Municipal dos Festejos do 80º Aniversário da Imigração Japonesa convidou a artista plástica Tomie Ohtake (Quioto, Japão, 1913) para projetar um monumento em comemoração à data. A prefeitura autorizou sua implantação no canteiro central da avenida 23 de Maio, na altura do Centro Cultural São Paulo. A empresa Método Engenharia executou e patrocinou a obra, inaugurada no dia 10 de novembro de 1988. Também participaram as Indústrias Madeirit S.A. e a Suvinil Tintas.

Quatro lâminas de concreto armado, arcadas, dispostas lado a lado e sucessivamente, homenageiam quatro gerações de japoneses no Brasil. Segundo Tomie Ohtake, a pequena distância entre as lâminas dá à obra uma noção de conjunto e também de continuidade. O concreto foi escolhido por expressar leveza e simplicidade. A indicação da avenida 23 de Maio se deveu ao intenso fluxo de veículos que há nos seus dois sentidos, capaz de conferir um efeito dinâmico à escultura, envolvendo o observador com a obra de arte. A escultura não teria um titulo, deixando-a aberta às interpretações.
Cada lâmina de concreto tem cerca de 40 metros de comprimento, 4 metros de altura e dois metros de largura. Originalmente, eram pintadas em látex apenas na parte interna, em tons que iam do violeta ao laranja, com predomínio de amarelo. A parte externa era em concreto aparente. A intenção era formar uma seqüência de ritmos, aumentando a sensação de progressão e continuidade.

Cerca de um mês depois da inauguração, a obra foi pichada em vários pontos. A solução encontrada foi a repintura, inclusive na parte em concreto aparente, para encobrir as inscrições. Anos depois, por iniciativa da então Administração Regional Vila Mariana, cada lâmina foi pintada internamente de uma única cor, em tons de vermelho, laranja e amarelo. No ano 2000, o monumento foi incluído no Programa Adote Uma Obra Artística, da SMC/DPH. Na ocasião, a artista aprovou a repintura do monumento nessas mesmas tonalidades.

Finalmente, em 2006, outra repintura foi autorizada pela artista, que, desta vez, propôs um croquis de cores em azul, amarelo e verde. Os serviços foram acompanhados pelo DPH e executados pela Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, com material novamente doado pela Suvinil.


Seção Técnica de Levantamentos e Pesquisa Divisão de Preservação - DPH